sábado, 4 de janeiro de 2014

SAIU NO BLOG DO JESO


Visão de Guerreiro: Ufopa, várzea e ensino

Por Jeso Carneiro em 4/1/2014 às 06:10 
Número 1 da Ufopa (Universidade Federal do Oeste do Pará), Raimunda Monteiro (foto) escreve sobre a morte do deputado estadual Gabriel Guerreiro (PV):
Blog do Jeso | Raimunda MonteiroEstou muito consternada com a morte súbita do deputado Gabriel Guerreiro, que está sendo velado na Assembléia Legislativa neste momento. Minha lembrança mais recente é do período da eleição da UFOPA, quando ele declarou apoio a mim a partir de uma tese que reproduzi em meu discurso em vários momentos: a idéia de que a nossa universidade deve estar profundamente enraizada nas questões específicas da Amazônia.
Gabriel Guerreiro era um intelectual, um geólogo com grande conhecimento que se deliciava em conversar sobre o conhecimento que tinha. Trabalhei com ele quando foi secretário de Meio Ambiente do Estado e eu técnica do Ministério do Meio Ambiente, ele resistindo e eu defendendo a criação da Reserva Extrativista Verde para Sempre.
Depois, rimos quando ele se perfilou com Marina Silva no PV.
Num longo telefonema, lembro da frase: “Nós temos 20 milhões de hectares de várzea, a UFOPA deve desenvolver pesquisas aplicadas para tornarmos grandes produtores de alimentos nas terras de várzeas”.
Sobre a mandioca, disse que “nós devemos ser os maiores especialistas na produção e no aproveitamento da mandioca, desenvolvendo produtos industrializados a partir desta matéria-prima de grande versatilidade. A UFOPA deve se tornar referência em pesquisa e inovação a partir dos usos tradicionais da mandioca na Amazônia.”
Por fim, não esqueço também de sua concepção sobre a nossa universidade: “não devemos estar preocupados em imitar as universidades das outras regiões do país, seguir as pesquisas e os cursos que oferecem por lá para aparecer bem em Brasília… devemos nos afirmar a partir da valorização de conhecimentos que só nós podemos desenvolver, por estamos diante de recursos naturais, de ecossistemas e de tradições que nos são particulares”.
Me falou de sua criação de tartarugas.
Isso foi só numa ligação. Suas contribuições encontraram eco em minha concepção, pois quem me conhece sabe que essas idéias tem grande fertilidade no que penso.
Disse que queria vir em minha posse, lhe disse que o convidaria para debater suas ideias aqui na universidade…infelizmente ele não terá essa oportunidade.
Mas, o geólogo que teve a paciência de me descrever um dia os grandes escudos geológicos do continente, as áreas de vulcões extintos nas bacias do Xingu e do Tapajós, a bacia aurífera do Tapajós terá sua memória guardada com carinho.
E o que eu puder fazer farei para nossas várzeas serem valorizadas como produtoras de alimentos com estratégias produtivas sustentáveis.
Gabriel Guerreiro, vá em paz que sua mensagem fertilizará o chão.

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