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Sarney presidindo sessão no Senado (Foto: Geraldo Magela /
Agência Senado)
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COM 57 ANOS DE VIDA PÚBLICA, É O MAIS LONGEVO POLÍTICO DA
HISTÓRIA DA REPÚBLICA
Coluna do Ricardo
Setti
Sua longa carreira política, de 57 anos ininterruptos, não
tem paralelo em 113 anos de história da República em matéria de
longevidade: no decorrer dela, o senador José Sarney (PMDB-AP), que deixa a
Presidência do Senado nesta sexta feira, 1º de fevereiro, operou sob 13
presidentes da República e 4 constituições, assistiu (e apoiou) dois golpes de
Estado, testemunhou dois fechamentos do Congresso e viu revezarem-se no
posto 11 presidentes americanos, 30 presidentes e duas juntas militares no
nosso principal vizinho, a Argentina, e, no Vaticano, 6 papas.
Prestes a completar 83 anos de idade, em abril, pode-se
dizer de Sarney que, ao longo desses 57 anos, passou poucos, pouquíssimos, na
oposição: alguma oposição a JK — quando começou o primeiro de seus quatro
mandatos como deputado federal, a partir de 1955 e até 1961 –, e oposição
moderada a Jango, entre 1962 e 1964 (Sarney pertencia à “Bossa Nova” da então
UDN, um setor supostamente mais “progressista” do partido liberal-conservador
gerado no pós-ditadura de Getúlio Vargas).
No mais, navegou nas águas governamentais seja como
governador do Maranhão (1966-1970), seja em seus seis mandatos de senador, o
primeiro deles, pela Arena, partido do regime militar, entre 1971 e 1979. E,
claro, foi ele próprio o poder quando, por um acaso da história,
tornou-se presidente da República (1985-1990).
Como se recorda, no crucial ano de 1984, em que se decidiria
a sucessão do presidente João Figueiredo (1979-1985), o quinto do ciclo da
ditadura militar, Sarney presidia o PDS, partido sucessor da Arena, quando se
juntou ao grupo dissidente que não aceitava a candidatura ao Planalto de Paulo
Maluf — turma que incluía o vice-presidente Aureliano Chaves e outras figuras
de proa como o ex-governador de Pernambuco Marco Maciel e o ex-governador da
Bahia Antonio Carlos Magalhães, entre outros. O grupo, a Frente Liberal,
juntou-se ao PMDB para formarem a Aliança Democrática que levou à vitória de
Tancredo Neves no Colégio Eleitoral, tendo o próprio Sarney como vice.
A morte de Tancredo sem tomar posse, a 21 de abril de 1985,
levou-o em caráter definitivo à Presidência da República, que assumira
interinamente a 15 de março.
Nas fotos abaixo, uma rápida viagem pela longa trajetória de Sarney na política.
Sarney em 1959: deputado federal pela UDN do Maranhão (Foto: Agência O Globo)
Sarney em 1965: candidato a governador do Maranhão (Foto: arquivo)
Sarney em 1966: tomando posse no dia 31 de janeiro (Fotograma do filme "Maranhão 66", de Glauber Rocha)
Sarney em 1967: governador em atividade
Sarney com Juscelino (1956-1961), em foto sem data: oposicionista, mas não muito
Sarney na Arena, o partido do regime militar: com os deputados Prisco Viana (BA) e Nelson Marchezan (RS), e os senadores Petrônio Portella (PI) e Jarbas Passarinho (PA)
Sarney, com o testemunho de Prisco Viana, do governador biônico de São Paulo, Abreu Sodré, e o professor Claudio Lembo, fala sob a sombra de Geisel e Figueiredo
Sarney em 1984: na campanha de Tancredo Neves à Presidência, dividindo o palanque com o candidato (à dir.) e com o deputado Ulysses Guimarães (à esq.). À direita de Tancredo, Osmar Santos, o "locutor das diretas" (Foto: Agência Estado)
Sarney com Tancredo, em 1985: abraço da vitória
Sarney presidente da República: anunciando Plano Cruzado, em 26 de fevereiro de 1986