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Ivan Martins é jornalista e editor-executivo da
Revista Época. |
Pedi que ela me contasse sobre a mentira que a incomodava, e a resposta veio na
forma de uma história bastante comum: no começo, o sujeito fala e se comporta
como um homem totalmente apaixonado. Uma semana depois, ele nem atende mais o
telefone. “É isso que eu chamo de mentira”, ela resumiu.
A moça estava obviamente ferida, e tinha suas razões. Na história dela, do ponto de vista dela, houve uma mentira. Ela acreditou em sentimentos que não existiam ou que deixaram de existir em tempo recorde. Tinha o direito de estar indignada.
Admitido esse fato, a situação que ela conta tem nuances – e essas merecem ser discutidas tanto quando a suposta vocação masculina para a mentira, que eu acho um tema pertinente na relação entre homens e mulheres.
Quando se considera a distorção amorosa, é possível que a moça não tenha sido assim tão enganada. Ela pode ter levado uma cantada banal e recebido um grau de atenção protocolar, mas, movida pelos seus próprios sentimentos, acreditou estar sendo intensamente cortejada. É muito comum que, nessas situações, a pessoa que se sente enganada apresente como “evidências” frases e atitudes do outro que, vistas por alguém de fora, não pareçam evidência de coisa alguma além de um triste auto-engano. Essas coisas acontecem.A primeira nuance no caso da moça é adistorção amorosa.
Esse é o nome que eu dou ao estado de confusão mental em que a gente se encontra quando está muito interessado por alguém. Basta a pessoa nos olhar, basta falar conosco para que a gente acredite – com todas as forças, e nenhuma justificativa – que nossos sentimentos são correspondidos. É patético, mas é humano. A gente deseja tanto que enxerga apenas aquilo que quer ver.
Outra nuance importante na história da moça diz respeito ao papel de homens e mulheres no jogo de sedução.
As mulheres ainda não são responsáveis por tomar a iniciativa. Muitas fazem isso, mas, normalmente, ainda cabe aos homens o ônus de vencer a própria timidez e avançar com elegância os vários sinais colocados entre ele e o seu desejo. As meninas ficam lá, lindas e passivas, enquanto os caras se empenham em parecer engraçados, inteligentes, sensuais... Não pensem que é fácil. Continue lendo...
A moça estava obviamente ferida, e tinha suas razões. Na história dela, do ponto de vista dela, houve uma mentira. Ela acreditou em sentimentos que não existiam ou que deixaram de existir em tempo recorde. Tinha o direito de estar indignada.
Admitido esse fato, a situação que ela conta tem nuances – e essas merecem ser discutidas tanto quando a suposta vocação masculina para a mentira, que eu acho um tema pertinente na relação entre homens e mulheres.
Quando se considera a distorção amorosa, é possível que a moça não tenha sido assim tão enganada. Ela pode ter levado uma cantada banal e recebido um grau de atenção protocolar, mas, movida pelos seus próprios sentimentos, acreditou estar sendo intensamente cortejada. É muito comum que, nessas situações, a pessoa que se sente enganada apresente como “evidências” frases e atitudes do outro que, vistas por alguém de fora, não pareçam evidência de coisa alguma além de um triste auto-engano. Essas coisas acontecem.A primeira nuance no caso da moça é adistorção amorosa.
Esse é o nome que eu dou ao estado de confusão mental em que a gente se encontra quando está muito interessado por alguém. Basta a pessoa nos olhar, basta falar conosco para que a gente acredite – com todas as forças, e nenhuma justificativa – que nossos sentimentos são correspondidos. É patético, mas é humano. A gente deseja tanto que enxerga apenas aquilo que quer ver.
Outra nuance importante na história da moça diz respeito ao papel de homens e mulheres no jogo de sedução.
As mulheres ainda não são responsáveis por tomar a iniciativa. Muitas fazem isso, mas, normalmente, ainda cabe aos homens o ônus de vencer a própria timidez e avançar com elegância os vários sinais colocados entre ele e o seu desejo. As meninas ficam lá, lindas e passivas, enquanto os caras se empenham em parecer engraçados, inteligentes, sensuais... Não pensem que é fácil. Continue lendo...