sábado, 5 de janeiro de 2013

PREFEITURAS E MAIS PREFEITURAS, SAQUEADAS NO PARAZINHO

EX-PREFEITOS SOMEM COM DOCUMENTOS. MOJU E CAMETÁ VIRAM CASOS DE POLÍCIA. 
No primeiro dia de trabalho, alguns prefeitos eleitos tiveram surpresas nada agradáveis. Frota sucateada, prédios públicos sem estruturas, dívidas e falta de documentos foram algumas das situações mais embaraçosas. Em Moju, no dia 2 de janeiro, os primeiros papéis que atual prefeito Deodoro Pantoja da Rocha, conhecido como Ie-ié, do PSDB, recebeu de seus secretários, foram boletins de ocorrências. Ao chegaram para trabalhar, os titulares dos órgãos municipais não encontraram documentos, computados e, em alguns casos, nem mesmo móveis nos prédios públicos e, por isso, foram orientados pelo atual gestor da cidade e procurarem a delegacia. Segundo o tucano, o problema atingiu pelo menos 90% das secretarias. Na sede do Poder Executivo do Município, a situação também é delicada. Documentos foram extraviados e computados destruídos, alguns foram encontrados sem o HD ou com os dados deletados. "Nem a bandeira do Brasil, do Pará ou de Moju deixaram", disse.
A frota também estava sucateada, faltando pneus, sem gasolina ou com peças retiradas. Atualmente, Ie-ié afirma que nenhum carro da prefeitura está funcionando. "Está tudo na garagem, lacrado", diz o prefeito, que tem usado seu veículo pessoal como meio de transporte. Das 12 ambulâncias, apenas duas estão funcionando e em situação precária. O prefeito revela, por exemplo, que assim que assumiu precisou fretar um carro para transportar um paciente do município.
No setor de pessoal não ficou nenhum registro. A atual administração tem buscado informações com os funcionários efetivos. "O que eu tenho percebido é que alguns funcionários, como uma forma de se precaver, salvaram algumas informações em pen-drive, prevendo que tudo fosse ser deletado. Eles chegam para a gente e nos passaram. É assim que a gente tem contornado a situação", explica.
Não houve processo de transição no município porque, de acordo com o Ie-ié, o antigo prefeito, Iran Lima, do PMDB, não aceitou receber sua equipe e não passou qualquer informação. Agora, com esses problemas todos e os caixas da prefeitura zerados, o tucano tem pedido para seus secretários elaborarem um relatório sobre o que está faltando nos órgãos. Além disso, alguns contratos de trabalho foram cancelados, menos em áreas essenciais, como a de saúde. "Eu estou fazendo isso para ver a real necessidade e, na medida que começar a entrar dinheiro, ver o que pode ser feito prioritariamente. Vou me desdobrar aqui como for possível", afirmou.
Memória administrativa é levada embora
Em Cametá, Irácio Nunes (PT) e sua equipe também tomaram um susto assim que entraram no prédio da Prefeitura, no dia 2 de janeiro, para darem início aos trabalhos. Vários papéis rasgados estavam espalhados pelos corredores e salas, os arquivos estavam vazios e o HDs tinham sido trocados, ou seja, os computadores não tinham nenhum tipo de informação. No forro foram encontrados documentos queimados, aparentemente notas internas de pagamentos. "Não houve transição e, quando chegamos, encontramos a Prefeitura desse jeito", declarou Irácio.
Ele afirma que não houve transição porque o antigo gestor, José Waldoli Filgueira Valente (PSD) não recebeu a comissão que o prefeito eleito tinha montado para tratar do assunto. "Não temos nenhum documento de contrato. Absolutamente nada", afirma. Segundo Irácio, peritos do Centro de Perícias Renato Chaves estiveram no local verificando a situação e recolhendo alguns materiais, inclusive os papéis encontrados queimados no forro, para a elaboração do laudo. Mas assessoria de imprensa do órgão em Belém informou que não tem registro dessa ação em Cametá.
Os papéis encontrados no chão, afirma Irácio, eram documentos públicos e estavam todos rasgados. O prefeito se diz preocupado, uma vez que precisa dos arquivos contábeis, jurídicos, relação de funcionários e outros dados, que não foram deixados. "Estamos conseguindo a relação de funcionários só agora, com uma pessoa que mexia com a folha de pagamento na gestão passada", revela. Além disso, ele alega que mais de R$ 40 milhões em dívidas com o INSS foram deixados pela gestão passada.
DESTRUIÇÃO ATINGE FINANÇAS E JURÍDICO
Nos órgãos municipais de Cametá o problema é o mesmo. As máquinas da Secretaria de Obras, por exemplo, estão paradas. Uma ambulância também não está funcionando na área de saúde. Várias secretarias também encontraram computadores destruídos. Nas áreas de Finanças e Jurídica, não restou nenhum documento. Irácio montou uma equipe jurídica para fazer um levantamento da situação. "Estamos montando todo o processo e vamos encaminhar para as autoridades competentes", afirmou o prefeito, que já prestou ocorrência na delegacia municipal. Os ex-prefeitos de Moju, Iran Lima, e Cametá, Waldoli Valente, não foram encontrados pela reportagem. O presidente da Câmara Municipal de Cametá prometeu apurar as denúncias de sumiço de documentos. (Amazônia – ORM)

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