ENTIDADES LANÇAM MANIFESTO CONTRA FINANCIAMENTO PRIVADO DE
CAMPANHAS
Débora Zampier - Repórter da Agência Brasil
Brasília – O comprometimento de políticos com empresas que
fizeram doações a suas campanhas é o novo alvo de uma mobilização encampada por
diversas entidades da sociedade civil. O manifesto contra o financiamento
privado de campanhas foi lançado hoje, no Conselho Federal da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB).
A ideia é provocar uma mobilização popular semelhante à que
levou à aprovação da Lei da Ficha Limpa, em 2010. As entidades que assinaram o
manifesto argumentam que o financiamento privado das campanhas acaba criando
vínculo entre os políticos e uma minoria que detém o poder econômico no país.
“Temos obrigação com a sociedade brasileira de não nos
omitirmos. O sistema atual é mais oneroso que um sistema que proíba
financiamento privado, pois não permite que o Parlamento represente a população
que o elegeu”, disse o presidente da OAB, Marcus Vinícius Coêlho. Segundo ele,
qualquer outro argumento contra o corte do financiamento privado passa a ser
secundário. “Não podemos nos render a argumento simplista e imediato”. Continue lendo...
De acordo com o manifesto, levado
esta tarde ao Congresso Nacional, o atual sistema político brasileiro está
viciado. “A [Lei da] Ficha Limpa cumpriu importante papel ao atacar
consequências da corrupção, agora é preciso enfrentar as causas, que está no
atual sistema de financiamento privado que permite ao poder econômico
influenciar o processo eleitoral e eleger candidatos que representam interesse
de minoria em prejuízo aos que visam interesse da maioria”, diz trecho do
documento.
Ainda segundo o manifesto, a maior parte das doações não
aparece na prestação de contas, pois as doações são encaminhadas para o caixa
2. As entidades alegam que o financiamento patrocinado por pessoas jurídicas
acaba não sendo exatamente privado, pois “os políticos que dele se beneficiam
muitas vezes retribuem a prática que acarreta saque do dinheiro público, de
regra, muito maior que a doação”.
De acordo com o juiz Márlon Reis, que integra o Movimento de
Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), os militantes não devem se pautar pela
discussão da reforma política começa em breve no Congresso Nacional. “Temos que
acompanhar e dar sequência ao trabalho que começamos, independentemente do que
faz o Congresso. Como fizemos com a [Lei da] Ficha Limpa, voltarmos à rua. É
difícil que o Congresso aprove um projeto como esperado pela sociedade
brasileira”, declarou. (Edição: Aécio Amado)
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