Nelson Cândido Motta Filho nasceu
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"O Conselheiro come" é o titulo de uma crônica
antológica de João Ubaldo Ribeiro sobre um escritor que não consegue trabalhar
para atender aos pedidos de entrevistas, depoimentos, prefácios, teses de
mestrado e avaliações de textos, que lhe consomem muito tempo e esforço sem lhe
render um tostão ou qualquer benefício. O título é uma citação da esposa do
Conselheiro Ruy Barbosa, tentando explicar aos solicitantes que o marido
precisava ganhar algum dinheiro com seu trabalho para pagar suas contas.
Assim como o Conselheiro e João Ubaldo, no Brasil, muitos profissionais bem-sucedidos de diversas categorias são assediados por amigos, conhecidos ou estranhos para trabalhar para eles, de graça por supuesto. Alguns são pressionado a ouvir discos e a ler livros, crônicas, peças de teatro, teses de mestrado e, pior que tudo, poemas, que não gostariam de ler nem muito bem pagos.
Os verdadeiros amigos entendem eventuais recusas, os profissionais compreendem os motivos, mas muitos não têm noção, esperam que você pare tudo que está fazendo para ajudá-los no trabalho de conclusão de curso.
De tanto atender a pedidos para depoimentos em vários documentários, de Paulo Francis à bossa nova, de Wilson Simonal aos Mutantes, de Raul Seixas a Cartola, dos Dzi Croquettes a Tim Maia, acabei merecendo uma gozação do crítico de cinema André Miranda como "o ator de documentários em maior atividade no momento".
Achei muito engraçado e oportuno, porque passou a me servir de álibi infalível para recusar novos depoimentos sobre os mais diversos temas: "Não dá, já fiz tantos que estou ficando ridículo como 'ator de documentários', vou queimar o teu filme, tenta o João Ubaldo". Valeu, André.
O pior é o tempo perdido, que poderia ser gasto descansando, trabalhando ou se divertindo com sua família e seus amigos, dado de graça para um estranho. E os jornalistas que pedem para escrever um depoimento sobre João Gilberto? Ou uma lista dos 100 maiores discos da MPB, comentados. Querem que você faça o trabalho deles. E nem imaginam o tempo e o esforço que me custam para escrever uma pequena crônica como esta.
Assim como o Conselheiro e João Ubaldo, no Brasil, muitos profissionais bem-sucedidos de diversas categorias são assediados por amigos, conhecidos ou estranhos para trabalhar para eles, de graça por supuesto. Alguns são pressionado a ouvir discos e a ler livros, crônicas, peças de teatro, teses de mestrado e, pior que tudo, poemas, que não gostariam de ler nem muito bem pagos.
Os verdadeiros amigos entendem eventuais recusas, os profissionais compreendem os motivos, mas muitos não têm noção, esperam que você pare tudo que está fazendo para ajudá-los no trabalho de conclusão de curso.
De tanto atender a pedidos para depoimentos em vários documentários, de Paulo Francis à bossa nova, de Wilson Simonal aos Mutantes, de Raul Seixas a Cartola, dos Dzi Croquettes a Tim Maia, acabei merecendo uma gozação do crítico de cinema André Miranda como "o ator de documentários em maior atividade no momento".
Achei muito engraçado e oportuno, porque passou a me servir de álibi infalível para recusar novos depoimentos sobre os mais diversos temas: "Não dá, já fiz tantos que estou ficando ridículo como 'ator de documentários', vou queimar o teu filme, tenta o João Ubaldo". Valeu, André.
O pior é o tempo perdido, que poderia ser gasto descansando, trabalhando ou se divertindo com sua família e seus amigos, dado de graça para um estranho. E os jornalistas que pedem para escrever um depoimento sobre João Gilberto? Ou uma lista dos 100 maiores discos da MPB, comentados. Querem que você faça o trabalho deles. E nem imaginam o tempo e o esforço que me custam para escrever uma pequena crônica como esta.
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