MUITOS PERIGOS RONDAM O TRANSPORTE FEITO POR MOTOTÁXIS
Sem regulamentação, mototáxis ' multiplicam' riscos a
usuários que optam por usar este tipo de transporte alternativo em Manaus
JÉSSICA VASCONCELOS _ A CRÍTICA
A população de Manaus cresceu e, com ela, o número de
“gargalos”, especialmente nas áreas da mobilidade urbana e transporte público,
alvos de constantes reclamações e que vêm obrigando quem quer fugir dos
congestionamentos e da longa espera pelos ônibus a buscar alternativas, como um
problema que cresce desordenadamente na capital: os mototáxis.
Segundo dados do presidente da Central Única dos
Mototaxistas de Manaus, Paulo Falcão, dos 15 mil mototaxistas que atuam na
capital altamente, 10 mil podem estar trabalhando sem possuir Carteira Nacional
de Habilitação (CNH).
Em 2011, quando o projeto de emenda à Lei Orgânica do
Município que autoriza a atividade na capital amazonense foi aprovado pela Câmara
Municipal de Manaus (CMM), cerca de 10 mil mototaxistas atuavam na
cidade, sendo 2 mil vinculados às associações. Hoje, esse número deve chegar a
15 mil, com 5 mil atuando nas 627 associações existentes, de acordo com Falcão.
Um aumento de 2,5 mil profissionais por ano.
Apesar do grande número de mototaxistas circulando na
cidade, a falta de regularização do serviço de transporte de passageiros faz
com que os usuários convivam com a sensação de insegurança. Continue lendo...
O diretor-presidente do Departamento de Trânsito do Amazonas
(Detran-AM), Leonel Feitoza, estima que aproximadamente 170 mil motocicletas
circulam em Manaus e, segundo ele, as principais infrações cometidas pelos
condutores desses veículos são o excesso de velocidade, direção perigosa e a
falta de uso de capacete.
Os dados do Sistema de Informações de Mortalidade, criado
pelo Ministério da Saúde apontam que o número de mortes em acidentes de
trânsito envolvendo motocicletas no Brasil aumentou 263,5% em dez anos.
Em 2011, foram 11.268 mortes no País, contra 3,1 mil usuários de motos mortos
em 2001.
A técnica em enfermagem Rose Dias , 25, que utiliza o serviço
de mototaxi para ir ao trabalho, conta que apesar de usar o serviço
regularmente, tem medo. “Já ouvi muitas histórias de pessoas que sofreram
acidente, foram assaltadas”, diz Rose.
Moradora do bairro Novo Israel, na Zona Norte, Rita Alencar,
35, também trocou os ônibus por mototáxis, mas apenas para poupar tempo. Ela
diz se sentir insegura. “Uso porque não temos muita opção, o ônibus é caro e
demora, além de andar lotado e ficar preso no congestionamento. Mas sei que é
um risco que corro diariamente. Já andei com mototaxista sem capacete, falando
ao celular e até com um menino que não deveria ter mais que 16 anos, mas ou era
com ele, ou eu não ia a lugar nenhum”, reclamou.
Protesto
A discussão sobre regularização dos mototaxistas em Manaus
ganhou mais um capitulo ontem, com a passeata realizada pela categoria até a
sede da prefeitura. Os mototaxistas querem que o prefeito Artur Neto envie à
Câmara Municipal o projeto que regulariza a profissão.
Aproximadamente 1,8 mil mototaxistas participaram da
passeata. Eles partiram da avenida Itaúba, no bairro Jorge Teixeira, na Zona
Leste, e seguiram pelas avenidas das Zonas Norte, Centro-Sul e Oeste, chegando
até a sede da prefeitura.
Segundo Orlando Bindá, presidente da União Estadual dos
Mototaxistas, o maior objetivo da passeata é regulamentação do serviço. “Com a
regularização vai ser possível controlar quem está trabalhando corretamente e
punir quem tem praticado crimes, se passando por mototaxistas”, explicou
Orlando.
Apesar de desde 2009 estar regulamentado o serviço de
mototaxi no Brasil, em Manaus ainda não foram definidos critérios como a
identificação e as áreas da cidade por onde eles poderão circular.
Projeto em fase de elaboração
Um projeto de regulamentação dos mototaxistas que atenda às
exigências e os requisitos para a atuação da categoria está sendo elaborado
pela prefeitura, de acordo com o secretário de governo da prefeitura, Humberto
Michiles, responsável pelo projeto, junto com o Instituto Municipal de
Engenharia e Fiscalização do Trânsito (Manaustrans) e a Procuradoria do
Município.
Nesses cinco meses de gestão de Artur Neto, já foram
realizadas reuniões para discutir o tema com a categoria, segundo
ele. “Essa discussão leva um tempo e não pode ser feita de qualquer jeito”,
explicou.
Segundo ele, é preciso avaliar critérios como tempo de
serviço, multas e formação dos condutores.
O secretário de Comunicação do município, Marcio Noronha,
afirmou que a prefeitura está aberta para o diálogo com as lideranças dos
mototaxistas, basta que eles agendem uma audiência com o prefeito. O prefeito
classificou o protesto como “político”. (A Crítica – Manaus)
0 comentários:
Postar um comentário