quinta-feira, 3 de outubro de 2013

ONG DE MARINA DEVE SER BARRADA PELO TSE

MARINA SILVA NÃO CRIOU SEU PARTIDO PORQUE PREFERIU FAZER UMA ONG
Folha de SP
No Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as favas já estão contadas, e a sorte da Rede, selada. Seu partido, a Rede, ficará para depois. Agora é hora do plano B
Brasília – No Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as favas já estão contadas, e a sorte da Rede, selada. Seu partido ficará para depois. A decisão do TSE irá confirmar ao final que Marina tem, de fato, não um partido, e sim, ainda, uma ONG.
A única dúvida que resta é se a Rede conquistará pelo menos um voto. Uma das esperanças, talvez a única, é o ministro Gilmar Mendes. Dias Toffoli, o ministro “caixinha de surpresas”, viajou e cedeu a vez, providencialmente, para Mendes, defensor explícito da Rede. Mesmo assim, no TSE e no STF, o que se diz é que Mendes seguirá o voto da relatora, ministra Laurita Vaz, mas fará um veemente protesto sobre a rejeição supostamente exagerada de assinaturas por cartórios. Mendes pode assim proporcionar à Rede mais um vídeo no Youtube.
O iminente tropeço na criação da Rede mostra o quanto Marina Silva se divide entre dois mundos: o dos partidos e o das ONGs. Um dos problemas no processo de constituição da Rede foi exatamente o de que sua organização se comportou, o tempo todo, mais como ONG do que como partido. Mais cedo ou mais tarde, a Rede será criada e Marina Silva terá sua sigla ou, melhor dizendo, sua marca de fantasia, ao gosto de sua “sonhática”. A questão agora é saber o que prevalecerá na discussão de seu plano “B”: seu lado ongueiro ou os apelos partidários. Continue lendo...
O resultado da disputa dirá se Marina é carta fora do baralho em 2014 ou se estará na disputa. A alternativa posta a seus pés é a de ingressar em um partido pré-existente, como Partido Ecológico Nacional (PEN), nanico (de seus dois deputados, pelo menos um já estava de saída), inexpressivo e cuja executiva nacional é formada por vários membros de uma mesma família. De todas as opções possíveis, seria a mais inofensiva.
A sigla foi oferecida a Marina para dela fazer o que achar melhor, se tornando presidente do partido e candidata à Presidência da República. É tudo o que o PEN precisa para escapar da extinção. Aliás, até a extinção é aceita de bom grado, pois o presidente nacional do PEN já sinalizou que, quando a Rede estivesse criada, as duas siglas poderiam ser fundidas em uma só. Por Marina, o PEN faz qualquer negócio. A recíproca não é verdadeira. Com a reputação que conquistou a duras penas, Marina tem receio de queimar seu filme, mesmo que no papel de protagonista.
O PEN pode recolocar Marina no jogo para 2014. Mas, de novo, o dilema entre ser ou não ser é a questão. Melhor aguardar 2018 e cumprir o figurino do marketing armado em torno da Rede, ou cumprir as formalidades e pegar uma sigla que está à mão? Melhor mostrar desprendimento e prioridade ao projeto? Ou reafirmar o que a Rede de fato é: o partido dos marinheiros, da Marina, pela Marina e para a Marina? Ao mesmo tempo, o que melhor define a Rede não é seu programa, e sim a biografia de sua pré-candidata.
Eis o dilema: a intrépida trupe da Rede sairá pela tangente ou refugará solenemente o mundo partidário atual, que, mesmo com 32 partidos, seria pequeno demais para caber Marina Silva?

A pré-candidata, talvez ex-candidata, decidirá o seu destino ouvindo dois campos bem distintos de pessoas ao seu redor, com cabeças muito diferentes. Vencerá quem fizer mais pressão e quem ganhou mais proximidade na trajetória trilhada por Marina desde que ela saiu do Governo Lula, em 2008.
De um lado, está a turma que acompanha Marina desde o Acre e que veio acompanhá-la em seu mandato de senadora. A esse grupo juntaram-se políticos desgarrados de outros partidos, mas que dela se aproximaram, uns desde 2010, alguns há poucos meses. De outro lado, a tropa de ongueiros que vem da militância ambientalista e que aos poucos se assenhorou da carreira de Marina Silva.
Na primeira presidência Lula (2003 a 2010), Marina levou ambos os lados para o Ministério. O grupo partidário da ex-senadora aos poucos se enfraqueceu e foi isolado na definição da política de meio ambiente implementada pelo Ministério. O campo petista ligado a Marina perdeu a batalha para o grupo das ongs, ligado principalmente à WWF (World Wide Fund for Nature). Os ongueiros passaram a prevalecer na política, na ocupação dos cargos, na ascendência sobre a ministra e, mais importante, no enfrentamento à política de desenvolvimento do País. O ambientalismo conservacionista, que sempre foi muito próximo à ex-ministra, desgastou-a por completo no Governo Lula e levou a própria política ambiental ao isolamento, dentro e fora do governo.
Marina perdeu espaço em sua própria região. Basta ver o mapa dos votos de 2010, que mostra o quanto sua votação, inclusive proporcionalmente, foi maior quanto mais distante esteve da Região Amazônica. O viés conservacionista, contrário a algumas políticas de desenvolvimento para a Região Amazônica; a tônica repressiva (emblemática na operação Arco de Fogo); a indisposição do MMA com vários outros ministérios e com o próprio presidente Lula; até mesmo a criação do Instituto Chico Mendes, que revoltou os servidores do Ibama, que viram seu órgão enfraquecido e esvaziado, formaram um rosário de problemas que redundaram na saída de Marina do cargo de ministra e, depois, do PT.
Essa experiência foi um divisor de águas na trajetória da ex-senadora e contribuiu para jogá-la no campo de oposição ao PT, a Lula e a Dilma. Dramática, no início, a linha agressiva dos ongueiros aos poucos pareceu render frutos. O PV a abrigou. A velha mídia a colocou debaixo do braço, como a um neném na incubadora.

Leia o texto completo na página da Carta Maior. (Folha de SP)

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