MARINA SILVA NÃO CRIOU SEU PARTIDO PORQUE PREFERIU FAZER UMA
ONG
Folha de SP
No Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as favas já estão
contadas, e a sorte da Rede, selada. Seu partido, a Rede, ficará para depois.
Agora é hora do plano B
Brasília – No Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as favas já
estão contadas, e a sorte da Rede, selada. Seu partido ficará para depois. A
decisão do TSE irá confirmar ao final que Marina tem, de fato, não um partido,
e sim, ainda, uma ONG.
A única dúvida que resta é se a Rede conquistará pelo menos um voto. Uma das esperanças, talvez a única, é o ministro Gilmar Mendes. Dias Toffoli, o ministro “caixinha de surpresas”, viajou e cedeu a vez, providencialmente, para Mendes, defensor explícito da Rede. Mesmo assim, no TSE e no STF, o que se diz é que Mendes seguirá o voto da relatora, ministra Laurita Vaz, mas fará um veemente protesto sobre a rejeição supostamente exagerada de assinaturas por cartórios. Mendes pode assim proporcionar à Rede mais um vídeo no Youtube.
A única dúvida que resta é se a Rede conquistará pelo menos um voto. Uma das esperanças, talvez a única, é o ministro Gilmar Mendes. Dias Toffoli, o ministro “caixinha de surpresas”, viajou e cedeu a vez, providencialmente, para Mendes, defensor explícito da Rede. Mesmo assim, no TSE e no STF, o que se diz é que Mendes seguirá o voto da relatora, ministra Laurita Vaz, mas fará um veemente protesto sobre a rejeição supostamente exagerada de assinaturas por cartórios. Mendes pode assim proporcionar à Rede mais um vídeo no Youtube.
O iminente tropeço na criação da Rede mostra o quanto Marina
Silva se divide entre dois mundos: o dos partidos e o das ONGs. Um dos
problemas no processo de constituição da Rede foi exatamente o de que sua
organização se comportou, o tempo todo, mais como ONG do que como partido. Mais
cedo ou mais tarde, a Rede será criada e Marina Silva terá sua sigla ou, melhor
dizendo, sua marca de fantasia, ao gosto de sua “sonhática”. A questão agora é
saber o que prevalecerá na discussão de seu plano “B”: seu lado ongueiro ou os
apelos partidários. Continue lendo...
O resultado da disputa dirá se Marina é carta fora do baralho em 2014 ou se
estará na disputa. A alternativa posta a seus pés é a de ingressar em um partido
pré-existente, como Partido Ecológico Nacional (PEN), nanico (de seus dois
deputados, pelo menos um já estava de saída), inexpressivo e cuja executiva
nacional é formada por vários membros de uma mesma família. De todas as opções
possíveis, seria a mais inofensiva.A sigla foi oferecida a Marina para dela fazer o que achar melhor, se tornando presidente do partido e candidata à Presidência da República. É tudo o que o PEN precisa para escapar da extinção. Aliás, até a extinção é aceita de bom grado, pois o presidente nacional do PEN já sinalizou que, quando a Rede estivesse criada, as duas siglas poderiam ser fundidas em uma só. Por Marina, o PEN faz qualquer negócio. A recíproca não é verdadeira. Com a reputação que conquistou a duras penas, Marina tem receio de queimar seu filme, mesmo que no papel de protagonista.
O PEN pode recolocar Marina no jogo para 2014. Mas, de novo, o dilema entre ser ou não ser é a questão. Melhor aguardar 2018 e cumprir o figurino do marketing armado em torno da Rede, ou cumprir as formalidades e pegar uma sigla que está à mão? Melhor mostrar desprendimento e prioridade ao projeto? Ou reafirmar o que a Rede de fato é: o partido dos marinheiros, da Marina, pela Marina e para a Marina? Ao mesmo tempo, o que melhor define a Rede não é seu programa, e sim a biografia de sua pré-candidata.
Eis o dilema: a intrépida trupe da Rede sairá pela tangente ou refugará solenemente o mundo partidário atual, que, mesmo com 32 partidos, seria pequeno demais para caber Marina Silva?
A pré-candidata, talvez ex-candidata, decidirá o seu destino
ouvindo dois campos bem distintos de pessoas ao seu redor, com cabeças muito
diferentes. Vencerá quem fizer mais pressão e quem ganhou mais proximidade na
trajetória trilhada por Marina desde que ela saiu do Governo Lula, em 2008.
De um lado, está a turma que acompanha Marina desde o Acre e que veio acompanhá-la em seu mandato de senadora. A esse grupo juntaram-se políticos desgarrados de outros partidos, mas que dela se aproximaram, uns desde 2010, alguns há poucos meses. De outro lado, a tropa de ongueiros que vem da militância ambientalista e que aos poucos se assenhorou da carreira de Marina Silva.
Na primeira presidência Lula (2003
a 2010), Marina levou ambos os lados para o Ministério.
O grupo partidário da ex-senadora aos poucos se enfraqueceu e foi isolado na
definição da política de meio ambiente implementada pelo Ministério. O campo
petista ligado a Marina perdeu a batalha para o grupo das ongs, ligado
principalmente à WWF (World Wide Fund for Nature). Os ongueiros passaram a
prevalecer na política, na ocupação dos cargos, na ascendência sobre a ministra
e, mais importante, no enfrentamento à política de desenvolvimento do País. O
ambientalismo conservacionista, que sempre foi muito próximo à ex-ministra,
desgastou-a por completo no Governo Lula e levou a própria política ambiental
ao isolamento, dentro e fora do governo.
Marina perdeu espaço em sua própria região. Basta ver o mapa dos votos de 2010, que mostra o quanto sua votação, inclusive proporcionalmente, foi maior quanto mais distante esteve da Região Amazônica. O viés conservacionista, contrário a algumas políticas de desenvolvimento para a Região Amazônica; a tônica repressiva (emblemática na operação Arco de Fogo); a indisposição do MMA com vários outros ministérios e com o próprio presidente Lula; até mesmo a criação do Instituto Chico Mendes, que revoltou os servidores do Ibama, que viram seu órgão enfraquecido e esvaziado, formaram um rosário de problemas que redundaram na saída de Marina do cargo de ministra e, depois, do PT.
Essa experiência foi um divisor de águas na trajetória da ex-senadora e contribuiu para jogá-la no campo de oposição ao PT, a Lula e a Dilma. Dramática, no início, a linha agressiva dos ongueiros aos poucos pareceu render frutos. O PV a abrigou. A velha mídia a colocou debaixo do braço, como a um neném na incubadora.
De um lado, está a turma que acompanha Marina desde o Acre e que veio acompanhá-la em seu mandato de senadora. A esse grupo juntaram-se políticos desgarrados de outros partidos, mas que dela se aproximaram, uns desde 2010, alguns há poucos meses. De outro lado, a tropa de ongueiros que vem da militância ambientalista e que aos poucos se assenhorou da carreira de Marina Silva.
Na primeira presidência Lula (
Marina perdeu espaço em sua própria região. Basta ver o mapa dos votos de 2010, que mostra o quanto sua votação, inclusive proporcionalmente, foi maior quanto mais distante esteve da Região Amazônica. O viés conservacionista, contrário a algumas políticas de desenvolvimento para a Região Amazônica; a tônica repressiva (emblemática na operação Arco de Fogo); a indisposição do MMA com vários outros ministérios e com o próprio presidente Lula; até mesmo a criação do Instituto Chico Mendes, que revoltou os servidores do Ibama, que viram seu órgão enfraquecido e esvaziado, formaram um rosário de problemas que redundaram na saída de Marina do cargo de ministra e, depois, do PT.
Essa experiência foi um divisor de águas na trajetória da ex-senadora e contribuiu para jogá-la no campo de oposição ao PT, a Lula e a Dilma. Dramática, no início, a linha agressiva dos ongueiros aos poucos pareceu render frutos. O PV a abrigou. A velha mídia a colocou debaixo do braço, como a um neném na incubadora.
Leia o texto completo na página da Carta
Maior. (Folha de SP)
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