MPF DENUNCIA 17 PESSOAS POR FRAUDES NO BANCO CRUZEIRO DO SUL
Elaine Patricia Cruz - Repórter da Agência Brasil
São Paulo – O Ministério Público Federal em São Paulo
denunciou nesta terça (7) 17 pessoas suspeitas de integrarem uma organização
criminosa que fraudou o Banco Cruzeiro do Sul.
Entre os denunciados pelo Ministério Público estão os
ex-controladores do banco Luís Octávio Azeredo Lopes Indio da Costa e Luís
Felippe Indio da Costa, pai de Luís Octávio, ex-presidente do banco. Também
foram denunciados administradores, membros de auditoria e funcionários da
instituição bancária.
Segundo o MPF, entre os crimes praticados pelos denunciados
estão o de formação de quadrilha e delitos contra o mercado de capitais e o
sistema financeiro nacional, entre eles, gestão fraudulenta, estelionato e
apropriação indébita, além de lavagem de dinheiro. As fraudes, segundo o órgão,
foram cometidas entre janeiro de 2007 e março de 2012, pouco antes do Banco
Central decretar intervenção no Banco Cruzeiro do Sul.
Em setembro, o Banco Central decretou a liquidação
extrajudicial do banco que estava sob intervenção do Fundo Garantidor de Crédito
(FGC), na tentativa de proteger os depósitos dos clientes da instituição.
Investigações apontam que foram criados resultados positivos artificialmente
nas demonstrações financeiras para conseguir pagamentos indevidos a acionistas
e controladores.
De acordo com o MPF, os denunciados praticavam fraudes em
empréstimos consignados (cujo pagamento das parcelas é descontado diretamente
na folha de pagamento de quem solicitou o empréstimo). Segundo o órgão, a
organização criminosa teria criado 320 mil contratos falsos de empréstimo
consignado, utilizando CPFs de diversas pessoas de forma indevida, o que gerou
falsa contabilização de ativos do banco no valor de R$ 2,5 bilhões.
Outra fraude que era praticada pela organização, afirma o
MPF, era contábil, gerando resultados irreais no balanço do banco. Os
denunciados também teriam manipulado ações do banco para forçar sua valorização
no mercado de capitais e até desviado os valores que foram aplicados pelos
correntistas em fundos de investimento do banco. Continue lendo...
Em setembro do ano passado, a Polícia Federal (PF) havia
cumprido mandados de busca e apreensão expedidos pela 2ª Vara Criminal Federal
em São Paulo contra ex-controladores do banco. A PF chegou a fazer buscas em
uma residência na capital paulista e uma empresa no Rio de Janeiro que poderiam
servir de esconderijo para bens adquiridos ilicitamente.
O inquérito foi instaurado pela Polícia Federal em São Paulo
em junho de 2012, após o recebimento de informações do Banco Central sobre
fraudes contábeis feitas pelo Banco Cruzeiro do Sul. “Ao longo da investigação,
a Polícia Federal detectou indícios de outras condutas criminosas. A
investigação aponta a possibilidade de fraude de mais de R$ 1,2 bilhão”, disse
o órgão na ocasião, por meio de nota.
Uma segunda ação penal também foi ajuizada hoje contra Luís
Octávio Azeredo Lopes Indio da Costa, Luís Felippe Indio da Costa, o diretor
Horácio Martinho Lima e a administradora Maria Luíza Garcia de Mendonça. Nesta
denúncia, também assinada pela procuradora da República Karen Louise Jeanette
Kahn, eles são denunciados por gerir fraudulentamente a instituição financeira,
apropriar-se de dinheiro, título ou valor de outra pessoa sem autorização,
induzir ou manter em erro um investidor por falsas informações e inserir
elemento falso em demonstrativos contábeis. (Edição: Fábio Massalli)
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