APREENSÃO DE CRACK AUMENTA 900% EM MUNICÍPIO PRÓXIMO A BELO
MONTE
Pedro Peduzzi* - Repórter da Agência Brasil
Brasília – Entre 2011 e 2012, a apreensão de crack aumentou
900% em Altamira (PA), enquanto a quantidade de cocaína foi ainda maior,
crescendo cerca de 12 vezes. O município, o mais afetado pelas obras de
instalação da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, também tem sofrido com o
aumento da prostituição.
Recentemente, a Polícia Civil fez duas operações que
libertaram 16 mulheres e uma travesti mantidas em cárcere privado e obrigadas a
se prostituir.
De acordo com o superintendente regional da Polícia Civil no
Xingu, delegado Cristiano Nascimento, o tráfico de entorpecentes aumentou muito
na cidade. “Em 2011, foram apreendidos 4 quilos de crack e feitas 55
prisões de traficantes. Em 2012, foram apreendidos 40 quilos da droga e presos
176 traficantes”, disse à Agência Brasil o delegado.
“Agora está entrando cocaína pura para um mercado de
clientes de maior poder aquisitivo, com condições de pagar o alto preço da
droga [R$70 por grama na região]”, acrescentou. De acordo com o delegado, em
2011 foram apreendidas 40
gramas de cocaína. Em 2012, foram 500 gramas .
O período de crescimento do tráfico e da prostituição
coincide com o início das obras de instalação da usina, em 2011. Entre a
população de maior poder aquisitivo estão os comerciantes, em especial os que
enriqueceram com o inchaço populacional, e os técnicos que passaram a visitar a
cidade.
Na última quarta-feira (13), a Polícia Civil deu início a
duas operações contra a exploração sexual na região. A primeira foi
desencadeada após a fuga de uma menor de idade de uma boate onde, durante uma
semana, foi mantida em cárcere privado e obrigada a se prostituir.
“Ela relatou que era mantida presa e que veio do Rio Grande
do Sul com a promessa de trabalho bem remunerado. Após chegar à cidade, foi
ameaçada, agredida e obrigada a se prostituir”, informou o delegado Nascimento,
coordenador da operação. Continue lendo...
A primeira operação, no dia 13, às 22 horas, identificou
que, além dela, havia outras três mulheres e uma travesti vindas de outros
estados para serem exploradas sexualmente. Os policiais tomaram depoimento de
dois funcionários que estavam na casa, já que o dono não estava no local.
Na segunda operação, dia 14, em outras cinco casas de
prostituição, foram encontradas mais 12 mulheres na mesma situação. Todas
relataram a mesma coisa: dormiam pouco e eram obrigadas a trabalhar com
prostituição, sob a ameaça de pessoas armadas.
Segundo o delegado, as moças vieram do Rio Grande do Sul,
Paraná e de Santa Catarina. “Elas eram mantidas em cubículos, vigiadas e
proibidas de deixar o local. Só eram liberadas para fazer os programas.
Felizmente, conseguimos provar que se tratava de uma situação de escravidão”.
Após a operação, as moças foram levadas à Casa de Passagem de Altamira, local
onde a prefeitura presta assistência social.
O aumento da população local, desde o início das obras,
segundo o delegado, tem relação direta com o aumento do número de pontos de
prostituição. “Havia apenas poucos estabelecimentos e a coisa era feita de
forma bastante velada. Atualmente, já mapeamos seis boates e sabemos que há
outros ambientes de prostituição, como bares com grande frequência de homens”,
explicou
O delegado alega que há dificuldade de combater os crimes
relacionados às casas de prostituição. “É muito difícil conseguirmos prova de
práticas criminosas. Até porque, prostituição não é crime. O que é crime é
explorar a prostituição”, argumentou.
Segundo os dados mais recentes da Secretaria de Planejamento
de Altamira obtidos pela Agência Brasil, a população do município cresceu
de 99 mil habitantes, em 2010, para cerca de 145 mil habitantes em 2012. De
acordo com o Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM), o número de trabalhadores
contratados já supera a marca de 20 mil. Destes, 16 mil são contratados diretos
e 4 mil são subcontratações feitas de forma terceirizada.
Consultado pela Agência Brasil, o CCBM informou que tem
promovido campanhas preventivas contra a prostituição e exploração sexual de
menores, e também para prevenção de doenças sexualmente transmissíveis. De
acordo com a empresa, a boate onde a menor trabalhava está localizada a mais de
20 quilômetros
dos canteiros de obra.
(* Colaborou Alex Rodrigues - Edição: Davi Oliveira)
0 comentários:
Postar um comentário