CARNAVAL DE SALVADOR ESTÁ MERCANTILIZADO, DIZ CRÍTICO DO NYT
Lucas Cunha – A Tarde
O jornal norte-americano The New York Times publicou nesta
quarta-feira, 13, uma matéria sobre o Carnaval de Salvador, que levou o título
de "Marchando para a batida africana".
Assinada pelo crítico de música pop do NYT, Jon Pareles, o
texto traz como eixo principal a criação do Afródromo, ideia de Carlinhos Brown
para um desfile só com blocos afros e também aborda a questão dos blocos com
cordas.
"O carnaval de Salvador está cada vez mais
mercantilizado, anunciando a desigualdade de renda... Fãs pagam generosamente
para dançarem juntos dentro da corda, com seu acesso garantido por um uniforme
(abadá), enquanto a multidão de menos privilegiados fica apertada no espaço
restante na rua e na calçada", descreve Pareles durante um dos trechos de
sua reportagem.
O jornalista ouviu também algumas autoridades sobre a
criação do Afródromo, entre elas, o governador da Bahia, Jaques Wagner, que
admitiu que o circuito tradicional já está sobrecarregado. "Mas temos que
ser muito, muito cuidadosos para não fazer as coisas parecerem com
apartheid".
Entre os artistas entrevistados está o músico e ex-ministro
Gilberto Gil, que define o atual momento do carnaval de Salvador como "uma
questão ideológica, o social contra o privado, o corporativo contra o
não-corporativo".
Pareles ainda comentou sobre a estrutura dos camarotes,
especialmente aqueles situados no circuito Barra-Ondina. "Acima do tumulto
da rua, os camarotes oferecem uma vista da sacada, no nível dos artistas sobre
os trios elétricos - próximo o suficiente para fazer contato visual. Os termos
classe alta e classe baixa podem tornar-se literais".
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