MENINO DE TRÊS MESES NÃO RESISTIU A PNEUMONIA APÓS LONGA
ESPERA POR UMA VAGA
O bebê que aguardava leito em uma Unidade de Terapia
Intensiva (UTI) desde a quinta-feira da semana passada, no Pronto-Socorro do
Guamá, morreu às 10h30 de ontem. Messias Pantoja da Costa, de três meses,
estava hospitalizado com pneumonia considerada grave e teve três paradas
cardíacas na última terça-feira. Em desespero, a família procurou a Promotoria
da Infância e da Juventude, que prometeu interceder ontem para apressar a transferência
do menino para uma UTI. A criança morreu antes. A família levou o corpo para
Igarapé-Miri, no nordeste paraense, onde foi velado e sepultado no final da
tarde.
Inconformada com o que classifica como descaso da saúde
pública de Belém e do Estado do Pará, a mãe do menino, Marília Pantoja da
Costa, prometeu que vai entrar na Justiça para responsabilizar o poder público
pela morte do seu único filho.
Para ela, se desde o primeiro dia que o bebê deu entrada no
PSM do Guamá fosse garantido o leito da UTI-Pediátrica, era certo que o bebê
continuaria vivo. Segundo Marília, a situação é de caos na unidade de urgência
e emergência, porque, assim como o filho dela, outras crianças estão
hospitalizadas, precisando ser transferidas para uma UTI e, no entanto, "ninguém
faz nada". Continue lendo...
Marília definiu os últimos dias junto ao filho como momentos
de "impotência e dor desesperadora, ao ver a minha criança morrer e não
poder ajudá-lo". Para ela, o que falta é fiscalização dos órgãos de
Justiça para que sejam cumpridos os direitos da população, previstos na
Constituição Federal.
Em nota, o Ministério Público do Estado (MPE) informou que a
promotora de Justiça da Infância e Juventude, Maria do Socorro Pamplona Lobato,
atendeu na última terça-feira Marília. Após a denúnica feita por ela, ajuizou
às 13h53 ação civil pública, com pedido de liminar, para a Secretaria de Estado
de Saúde (Sespa) disponibilizar, com urgência, leito no Hospital Barros Barreto
ou em outro hospital da rede, bem como exames, medicamentos e cirurgias.
A secretaria Municipal de Saúde (Sesma) lamentou, por meio
de nota, a morte do bebê. Disse que a criança veio de Igarapé-Miri e ao dar
entrada no hospital foi cadastrada, imediatamente, na Central de Leitos, por
causa da gravidade do caso. A Sesma informou também que "não mediu
esforços junto a outros hospitais para tentar internar a criança em uma UTI ". Afirmou que
o menino nasceu de parto prematuro, além de uma deformidade na calota craniana
(cabeça), além disso, apresentava insuficiência respiratória, o que comprometeu
os pulmões dela, morrendo às 10h30 de ontem.
Criança de quatro meses aguarda leito pediátrico há 60 dias
Um bebê de quatro meses, que sofre de broncodisplasia, uma
doença pulmonar crônica, espera há dois meses por um leito pediátrico no Pará, pelo
Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com a família da criança, ele já possui
cadastro na central de leitos do SUS, mas até agora ainda não teria conseguido
uma vaga em UTI na rede pública de saúde.
Atualmente, o bebê recebe atendimento em um hospital
particular de Belém, mas sem o tratamento adequado, já que a carência do plano
de saúde da família não cobre o procedimento. Nixon Viana, avô de Enzo,
recorreu à Justiça para conseguir um leito para o neto. "Que eles cumpram
com as obrigações deles, que é de que através do SUS tenha o mínimo conforto
para o ser humano e para as pessoas que residem neste Estado ou que
necessitam", disse.
Segundo a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), no
Pará existem apenas 89 leitos de UTI Neonatal e 61 leitos pediátricos, número
que parece ser insuficiente para atender à demanda de pacientes. (Amazônia –
ORM)
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