EM 12 DIAS, 25 BEBÊS MORREM EM UTI DE HOSPITAL
PÚBLICO DO PARÁ
Sindicato dos médicos atribui as mortes a infecção
hospitalar e pede investigação do MP; Santa Casa diz que média é 'normal'
Carlos Mendes - Especial para o Estado de SP
BELÉM- O presidente do Sindicato dos Médicos do Pará,
João Gouveia, pediu ontem ao Ministério Público Estadual (MPE) e ao Ministério
Público Federal (MPF) que investiguem a denúncia de que 25 recém-nascidos
morreram nos primeiros 12 dias deste mês na UTI neonatal da Santa Casa de
Misericórdia do Pará, em
Belém. A média chega a duas mortes por dia.
Segundo Gouveia, a principal causa das mortes seria o alto
índice de infecção hospitalar no local que recebe grande demanda de grávidas, a
maioria adolescentes, oriundas do interior do Estado. "A situação é muito
grave, mas o pior é que já vínhamos alertando a direção da Santa Casa para esse
problema, mas até agora nada foi feito", disse o médico.
Ele exibiu ao Estado a ata de uma assembleia geral
dos médicos realizada no dia 17 de abril passado, que contou com a presença de
pediatras e obstetras do hospital, onde as precárias condições de trabalho da
categoria e o risco de morte por infecções foram debatidas. "Aguardamos as
providências que não foram tomadas e agora deu nisso", lamentou.
O secretário de Saúde, Hélio Franco, convocou uma entrevista
coletiva agora à tarde para esclarecer o caso. Para a direção da Santa Casa, o
porcentual de duas mortes por dia estaria dentro da "normalidade",
mas a causa não seria a infecção hospitalar, e sim o "baixo peso, a
maioria abaixo de 1,2 quilo", dos recém-nascidos. A grande demanda de
grávidas seria também um dos motivos da falta de melhor atendimento.
O governador Simão Jatene (PSDB) ainda não se manifestou. Em
junho de 2011, seis meses depois de ele assumir o governo, morreram 63 bebês no
hospital.(Estadão)
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