PILAR DEL RÍO PARTICIPA DO LANÇAMENTO DE OBRAS INÉDITAS DO
ESCRITOR
A viúva do escritor José Saramago, Pilar Del Río,
presidenta da Fundação José Saramago, acompanhou ontem o lançamento de duas
obras inéditas do autor, que recebeu o Nobel de Literatura em 1998 e morreu em
2010. Os títulos "Da Estátua à Pedra e Discursos de Estocolmo" e
"Democracia e Universidade" são os primeiros livros de Saramago
publicados no Brasil desde "Caim", última obra lançada pelo escritor
antes de morrer, em 2009. As duas novas obras foram lançadas pela Editora da
Universidade Federal do Pará (Edufpa) e pela própria Fundação.
O escritor português morreu em 11 de junho de 2010, em
Lanzarote, nas Ilhas Canárias, e teve sua memória reverenciada no velório e no
sepultamento em Portugal por leitores que levantaram livros em homenagem ao
autor, revelou Pilar ontem à noite. Os livros erguidos para o alto formaram a
imagem síntese da palestra "Saramago por Saramago", de Pilar, e dos
pronunciamentos do reitor em exercício da UFPA, Horácio Schneider, e da
diretora da Edufpa, Simone Neno, de que Saramago vive nos livros escritos por
ele em defesa da liberdade de pensamento e mudanças sociais. Na palestra a
cerca de mil pessoas no Centro de Eventos Benedito Nunes, Pilar fez uma ponte
entre Portugal e a Região Amazõnica: "O Além Tejo é a Amazônia e a
Amazônia é o Além Tejo’", referindo-se à pobreza da região lusa, revelada
por Saramago, e os desafios das comunidades amazônicas.
Performance - Logo após a palestra, assistida por
escritores, pesquisadores, professores, estudantes e gestores públicos, como
dirigentes da UFPA, o secretário de Estado de Cultura Paulo Chaves Fernandes, a
atriz Vera Barbosa apresentou performance sobre trechos de obras de Saramago, e
Pilar del Río autografou os livros do autor português para inúmeros leitores.
Um escritor que se indignava com injustiças
José Saramago não nasceu para ser escritor, disse Pilar,
porque ele foi filho de pais agricultores pobres e analfabetos e não chegou a
cursar a universidade. Foi matriculado em escola industrial e trabalhou como
mecânico de carros, sem convencer, e acabou sendo aproveitado no setor
administrativo. "Saramago virou escritor porque tinha força de vontade,
curiosidade, amor ao conhecimento e teve acesso a livros nas bibliotecas
públicas de Portugal", afirmou Pilar.
Aos 20 anos, Saramago olhou o mundo na perspectiva de um
Deus literário observando os conflitos e contradições nos relaciomentos
humanos. O primeiro livro que escreveu, "Claraboia", falava de
assuntos considerados tabus e histórias ocultadas por famílias, mas essa obra
acabou sendo publicada somente muito tempo depois, por conta da censura. O
primeiro romance lançado por ele foi "Terra do Pecado", em 1947.
"Ele fez da dignidade literatura", afirmou Pilar.
(Amazônia – ORM)
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