sexta-feira, 25 de outubro de 2013

GOVERNO DO PARÁ TURRÃO, TEM DIFICULDADE EM NEGOCIAR O FIM DA GREVE

SINTEPP MANTÉM OCUPAÇÃO 
Professores em greve permanecem no prédio da Seduc. Ontem, a PM impediu a entrada de mantimentos lançando spray de pimenta contra grupo.
Professores que tentavam levar água e comida para o grupo que ocupa, desde quarta-feira (23), o prédio da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), na rodovia Augusto Montenegro, foram impedidos de entrar pela Polícia Militar. A tropa de choque da PM usou spray de pimenta para dispersar manifestantes que se aproximavam do portão. O uso do artefato pelos militares revoltou os professores que se mantiveram durante todo o dia mobilizados em frente à Seduc.
Cerca de150 militantes ainda ocupam o prédio da Secretaria de Educação. Houve tumulto quando um veículo com comida e água mineral foi barrado pelos militares que estavam no portão. Professores, estudantes, servidores da Seduc e jornalistas foram atingidos por spray de pimenta, mas ninguém precisou de atendimento médico.
Os professores interditaram a Augusto Montenegro durante três horas, provocando um grande congestionamento. Segundo a categoria, a ocupação da Seduc tenta pressionar o governo do Estado a reabrir a negociação com os professores, em greve há 32 dias. A tropa de choque chegou ao local às 5 horas da manhã e passou a impedir o acesso ao prédio.
"A gente quer que vocês recuem para ser liberada a entrada da alimentação. Enquanto estiver conglomerado, não vamos permitir", disse o tenente-coronel Leão Braga, comandante da tropa. Continue lendo...
A PM só autorizou a entrada de alimentos e água por volta das 10 horas. Por causa das manifestações, não houve expediente na Seduc. Às 11 horas, a categoria liberou a pista da Augusto Montenegro no sentido centro. Para evitar um congestionamento maior, alguns motoristas acessaram a pista oposta na contramão.
Adesão - Fora da Seduc, os ânimos estavam exaltados. Professores de vários municípios do Estado aderiram ao movimento e engrossaram a manifestação que se mantinha na rodovia Augusto Montenegro. Um grupo de vereadores de Belém esteve no local. Eles se dirigiram até o Palácio dos Despachos, próximo à Seduc, para tentar marcar uma reunião com o governador Simão Jatene. Quando retornaram ao protesto, a vereadora Sandra Batista (PCdoB) relatou que a comissão não foi recebida, mas que a Casa Civil liberou a categoria fazer a assembleia geral no órgão, um dos pedidos dos professores.
Pauta - Entre a pauta de reivindicações da categoria, as principais se referem à implementação de dois projetos de lei, um que regulamenta a jornada de trabalho e as aulas suplementares e o outro, à regulamentação do funcionamento do Sistema de Organização Modular de Ensino (Some); das pendências do Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCR); e à reforma de escolas. O Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará (Sintepp-PA) também exige o pagamento retroativo do piso salarial de 2011, proposta recusada desde o início da negociação com o governo.
MPE recomenda corte do ponto de grevistas
O Ministério Público do Estado recomendou ao Governo do Pará o corte imediato do ponto dos profissionais que aderiram à greve dos professores estaduais, assim como o desconto da remuneração relativa aos dias parados dos docentes que se recusarem ao retorno imediato das atividades. A Recomendação Administrativa n° 4/ 2013 foi emitida em ofício, na tarde de ontem, pela promotora de Justiça Maria das Graças Corrêa Cunha.
O documento foi destinado à Secretaria Especial de Estado de Promoção Social (Sepros) e à Secretaria de Estado de Administração (Sead), pela Promotoria de Justiça de Direitos Constitucionais Fundamentais, Defesa do Patrimônio Público e da Moralidade Administrativa. A recomendação, que se baseia em doze considerações do MPE, leva em conta a Constituição Federal, a Lei Complementar Estadual nº 57/ 2006 e a Lei Federal nº 7.347/ 1985, que versam sobre a defesa dos direitos coletivos atinentes à educação no Brasil.
Segundo o texto, o Estado deve adotar providências urgentes, no sentido de efetivar o corte de ponto, independentemente da declaração de ilegalidade do movimento grevista e face aos abusos cometidos no exercício do direito à greve, amplamente divulgados pela imprensa.
Governo condiciona retomada das conversas à volta ao trabalho
Quarenta mil servidores da Secretaria de Educação, incluindo os grevistas, correm o risco de não receber o pagamento do mês de outubro, no prazo, se até hoje, não for possível consertar o servidor responsável por alimentar a Secretaria de Estado de Administração (Sead) com os respectivos créditos salariais dos funcionários. O equipamento, segundo a Sead, foi danificado durante a ocupação da sede da Seduc pelos professores estaduais em greve, na última quarta-feira, 23. Em entrevista coletiva ontem, a secretária de Estado de Administração, Alice Viana, e o secretário especial de Promoção Social, Alex Fiúza de Melo, asseguraram que o governo estadual só retomara as negociações com a categoria com o fim do movimento.
O dano ao servidor na a central de computadores da Seduc, explicou a titular da Sead, impede a comunicação on-line entre a Seduc e a Sead, responsável pela geração da folha de pagamento do Estado. "Se não houver uma reparação rápida amanhã (hoje), não será possível pagar a Seduc no dia 31, conforme o calendário estadual’’, disse Alice Viana.
Alice Viana disse que o Governo reconhece o piso devido, hoje, avaliado em R$ 72 milhões de reais, mas apontou que o Estado não tem disponibilidade financeira para esse pagamento imediato. Ela afirmou que o Estado já está no limite legal dos gastos com pessoal e não tem como incorrer em riscos com a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Greve e ocupação são mantidas após assembleia
A rodovia Augusto Montenegro passou quase duas horas interditada, na tarde de ontem, para a realização da assembleia dos professores da rede estadual, que foram proibidos de acessar o prédio da Seduc. A maioria decidiu pela manutenção da greve e ampliação da ocupação, que agora toma o gramado em frente ao órgão. Uma nova rodada de negociações foi agendada para as 11h de hoje, em local a ser definido.
Cerca de 400 pessoas, entre estudantes e trabalhadores da educação, mantiveram o fechamento da avenida, que começou às 15h50. O fechamento causou longas filas de engarrafamento e a revolta de alguns motoristas, que chegaram a entrar em atrito com grevistas. Na assembleia, a categoria decidiu por unanimidade manter a greve, avaliada positivamente pelos presentes. "Tivemos adesão de mais quatro municípios hoje. O movimento está crescendo e já temos cerca de 90% de paralisação. Nossa greve não é partidária, temos problemas sérios na educação e o Governo precisa olhar para isso", disse a coordenadora do Sintepp, Silvia Letícia. (Amazônia – ORM)

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