Rosângela Bittar é jornalista e chefe da Redação, em
Brasília do Valor Econômico.
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A entrevista do ex-presidente Lula ao El Pais, no fim de
semana, em que tece críticas ao Partido dos Trabalhadores, revela que o
ex-presidente mantem-se em forma na esperteza. Quis claramente dar uma
satisfação aos partidos aliados, até o pescoço insatisfeitos e desconfortáveis
na aliança de governo com a persistente hegemonia do PT que, entra eleição, sai
eleição, não cede um milímetro de todos os seus quinhões. Principalmente neste
momento de definição de alianças estaduais para 2014.
Poucas vezes um chefe político foi tão claro numa mensagem, aparentemente ao seu partido, para efeito de mudanças de comportamento, correção de rotas e indicações para o futuro. Mas o efeito esperado é para fora (aliados), não para dentro (PT). "Gente mais ideológica trabalhava de graça, de manhã, tarde, noite", lembrou ele, na entrevista, sobre o início do PT, nos anos 80. "Agora você faz uma campanha e todo mundo quer cobrar. Algumas pessoas querem muito um lugar no Congresso, outras um cargo público...", lamentou.
Lamentou? À parte o fato de que foi com o ex-presidente que a militância petista ingressou na era da cobrança de honorários para militar, na fase de apego maior aos cargos, na voracidade da tomada dos meios, inclusive com disputas fratricidas pela ocupação de nichos conquistados antes por outras facções, para alguém servirá o recado de Lula. Na verdade jogou o ex-presidente para a arquibancada, deu uma satisfação aos aliados que já debandaram ou ameaçam debandar.
A cada entrevista do ex-presidente, contradições e descompromissos jorram por todos os lados, sem surpreender mais a ninguém. Mas não é preciso coerência ou compromisso para o discurso de Lula, que não cola no PT mas o partido acha que tem que colar nos outros. No fundo não quer perder os aliados, sobretudo à esquerda, que ainda lhe dão um lustre ideológico. Continue lendo...
Tudo é exatamente igual ao que ocorreu desde sempre, é a linha mestra da
peroração lulista. Se há alguém desligado da história, da realidade, de ideias,
palavras e obras, é Lula. O ex-presidente é casuísmo e pragmatismo em estado
puro.Poucas vezes um chefe político foi tão claro numa mensagem, aparentemente ao seu partido, para efeito de mudanças de comportamento, correção de rotas e indicações para o futuro. Mas o efeito esperado é para fora (aliados), não para dentro (PT). "Gente mais ideológica trabalhava de graça, de manhã, tarde, noite", lembrou ele, na entrevista, sobre o início do PT, nos anos 80. "Agora você faz uma campanha e todo mundo quer cobrar. Algumas pessoas querem muito um lugar no Congresso, outras um cargo público...", lamentou.
Lamentou? À parte o fato de que foi com o ex-presidente que a militância petista ingressou na era da cobrança de honorários para militar, na fase de apego maior aos cargos, na voracidade da tomada dos meios, inclusive com disputas fratricidas pela ocupação de nichos conquistados antes por outras facções, para alguém servirá o recado de Lula. Na verdade jogou o ex-presidente para a arquibancada, deu uma satisfação aos aliados que já debandaram ou ameaçam debandar.
A cada entrevista do ex-presidente, contradições e descompromissos jorram por todos os lados, sem surpreender mais a ninguém. Mas não é preciso coerência ou compromisso para o discurso de Lula, que não cola no PT mas o partido acha que tem que colar nos outros. No fundo não quer perder os aliados, sobretudo à esquerda, que ainda lhe dão um lustre ideológico. Continue lendo...
Seus históricos aliados à esquerda rebelam-se. Só na conversa o ex-presidente não conseguiu segurar o PSB, que decidiu enfrentar o PT e a guerra contra si aberta pela cúpula petista e manter a candidatura presidencial do governador Eduardo Campos, com uma duríssima campanha contra. Tenta, agora, segurar os outros. No PDT, o senador Cristovam Buarque vem criticando os dirigentes que jogaram o partido no colo da presidente Dilma muito cedo. Agora foi o PCdoB, mais à esquerda que os demais, demonstrando saturação do hegemonismo.
Sempre houve insatisfação e desconforto desses aliados com meios, modos e métodos do PT mesmo antes de o partido chegar ao poder federal. Depois que chegou, a cada ano, ora rebelava-se um, ora outro, e ninguém mais escondia do Presidente da República, fosse Lula ou Dilma, o desejo da independência, que se acirra com a proximidade de eleições. Como os aliados à direita são mais fortes, estava ficando fácil para o PT abafar a voz da esquerda.
O PSB, sob a presidência de Eduardo Campos, foi o primeiro a levar a reação às vias de fato. Parte do PDT, onde se abriga o senador Cristovam Buarque, ele próprio um ex-candidato a Presidente da República, ameaça impedir o adesismo precoce. O propósito do ministro e deputado federal Aldo Rebelo de deixar o governo Dilma para se candidatar ao governo de São Paulo, ou negociar a disputa da vaga paulista ao Senado fazia também parte dessa onda de libertação.
Cansados de só reclamar, os partidos resolveram agir para se fortalecer, seguindo o princípio de que aliado fraco não se impõe. O PCdoB elegeu colégios prioritários para sua tentativa de crescimento. Na última quinta-feira Aldo foi obrigada a recuar de seu propósito de sair do governo para candidatar-se, sobre o qual vinha conversando com a presidente Dilma e o ex-presidente Lula. Foi impossível recusar o apelo para ficar, não tendo uma razão de Estado para sair. Ainda mais quando está responsável por um projeto que envolve governos federal, estaduais e municipais, como o da realização da Copa do Mundo.
Não houve compromissos, nem da Presidente nem dele, com permanência no cargo ou no governo caso Dilma seja reeleita. Depois da Copa o ministro verá como retomar a questão partidária, que foi adiada mas não perdeu o sentido de urgência. E não há qualquer esperança em uma mudança de postura do PT: foi só o ministro anunciar o fico que o partido de Lula colocou no palanque de Alexandre Padilha, em São Paulo, a candidatura de Eduardo Suplicy ao Senado.
O PT não quer perder seu aliado mais à esquerda, vez que já perdeu o PSB, mas nada quer fazer para mantê-lo. Tanto o PSB, quanto o PCdoB, vinham alertando o governo. Uma coisa é apoiar o projeto presidencial do PT, outra muito diferente é sustentar a conquista do governo de São Paulo, do Rio, do Maranhão, ou de qualquer outro lugar onde a chance maior não é dele.
O PT acha que tem que ter muito mais que a Presidência da República, os aliados pensam exatamente o contrário. O PT tem o gogó de Lula. Os aliados só o grito de independência ainda preso à garganta.
A partir de hoje a burocracia do Ministério da Saúde se responsabilizará pela qualidade e legalidade da atuação dos médicos no Brasil. Com a sanção da lei do médico estrangeiro, prevista para hoje, o governo federal fará o registro dos primeiros 220 médicos pelo critérios da liberação ampla, geral e irrestrita, sem cumprir critérios de formação, diplomação e qualidade ou pré-requisitos de qualquer espécie. A sanção teria sido feita ontem não fosse o leilão do Campo de Libra. O marqueteiro do governo quer um bumbo de cada vez e foi quase concomitante a batida do martelo do petróleo com o anúncio da assinatura da nova lei. Para hoje.
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