Walcyr Rodrigues Carrasco nasceu em Bernardino de
Campos, 1 de dezembro de 1951 é um escritor, dramaturgo e
autor de telenovelas brasileiras.
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Mais tarde, Eliza veio para São Paulo. Fez programas. Atuou no cinema pornô,
onde protagonizou Violação anal 4. O título já diz o suficiente. Pode parecer
surpreendente, mas já tive contato com quem fez cinema pornô. Um amigo, autor
de teatro infantil, a certa altura da vida, dedicou-se a dirigir filmes pornôs.
Quando a pornochanchada – inocentíssima para os padrões de hoje em dia – entrou
em decadência, vários diretores importantes fizeram filmes de sexo explícito.
Recentemente, um amigo quis produzir um filme sobre a vida de um astro pornô,
considerado o maior “garanhão” do Brasil. Só desistiu quando, ao fazer o
roteiro, o rapaz tentou convencê-lo de que nunca fez programas e que só era um
bom “profissional”. Só faltou dizer que ia à missa todos os dias.
Ao longo de anos, tracei um perfil de quem atua em filme pornô. Algumas pessoas ainda acreditam – pasmem – que atuar em filmes de sexo explícito abrirá as portas de uma carreira na televisão. Outras contentam-se em ganhar a vida. Para os rapazes, pode ser até motivo de orgulho “trabalhar” dessa maneira. Contam para a família. Muitos pais ufanam-se com a “performance” dos filhos. Para as mulheres, é mais complicado. Fazer sexo explícito é pregar na testa um letreiro que diz: prostituta. É um mundo sombrio. A maioria dos profissionais do filme pornô afirma que é “uma profissão como outra qualquer”. Não acredito nisso. Simular amor e prazer mexe com os sentimentos e a personalidade. Ninguém sai ileso dessa experiência. Continue lendo...
Eliza usou a única arma que tinha para sobreviver: seu corpo. Quando conheceu
Bruno, parecia a chance de sua vida. Teve Bruninho. Não vou negar: ela deve ter
infernizado a vida do ex-goleiro do Flamengo com pedidos. Sei de casos,
atualmente, em que as garotas de programa filmam, com o celular, o encontro com
o executivo. Para depois fazer chantagem. Eis o que quero dizer: Eliza não era
santa. Quis usar o filho. Atirou-se no que parecia a única oportunidade de
deixar a vida que tinha. Deixo claro: em nenhum momento isso justifica o que
aconteceu. Pelo contrário. Tenho duplamente pena de Eliza. Por sua morte, e
pelo que viveu.Mas, o que restava a Eliza? Se sofreu abuso sexual, como tudo
indica, onde estavam seus professores, que não notaram diferença no
comportamento da menina? O juiz, que deu a guarda ao pai? E a mãe, Sônia Moura,
que se debulhou no julgamento? Como ex-mulher, dona Sônia deveria ter uma boa
ideia de quem era o pai de sua filha. Mas Eliza mal via a mãe, quando viva. A
quem essa moça podia apelar, onde se hospedar em São Paulo? Tantas moças e
moços, como Eliza, só têm a si próprios. Não há uma casa de apoio onde possam
morar. Um convento, como nos séculos passados, onde poderiam bater e pedir
abrigo. Nada. Enfrentam o mundo sozinhos. Hoje mesmo, vários jovens solitários
no mundo estão sendo postos na rua. Crianças sem pai nem mãe têm direito a
permanecer nos abrigos públicos até os 18 anos. Nessa idade, a não ser que haja
um projeto específico de algum juiz de menores bem-intencionado, perdem o teto.
O que alguém de 18 anos pode fazer? A não ser aceitar a primeira grana que
aparece, seja como for?Ao longo de anos, tracei um perfil de quem atua em filme pornô. Algumas pessoas ainda acreditam – pasmem – que atuar em filmes de sexo explícito abrirá as portas de uma carreira na televisão. Outras contentam-se em ganhar a vida. Para os rapazes, pode ser até motivo de orgulho “trabalhar” dessa maneira. Contam para a família. Muitos pais ufanam-se com a “performance” dos filhos. Para as mulheres, é mais complicado. Fazer sexo explícito é pregar na testa um letreiro que diz: prostituta. É um mundo sombrio. A maioria dos profissionais do filme pornô afirma que é “uma profissão como outra qualquer”. Não acredito nisso. Simular amor e prazer mexe com os sentimentos e a personalidade. Ninguém sai ileso dessa experiência. Continue lendo...
Há um batalhão de pequenas Elizas vivendo na miséria, abusadas, vendidas por pais e mães, dispostas a qualquer negócio para sobreviver. Desde já, estão condenadas a uma vida sórdida. E nós, onde estamos? O que a sociedade e o Estado brasileiro oferecem em termos de centros de recuperação, casas de apoio? Ou de um acompanhamento psicológico para crianças em escolas públicas, para detectar problemas? Somos todos omissos. Ficamos perplexos diante do escândalo do ex-goleiro Bruno. Eliza logo será esquecida. Mas todos nós, que estamos bem e felizes, temos a ver com a tragédia de sua vida e sua morte.
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