AÉCIO RETOMA TESE DE CHAPA 'PURO-SANGUE'
O senador Aécio Neves (MG), provável candidato do PSDB à
Presidência da República em 2014, autorizou seus aliados a intensificarem
negociações para a construção de uma chapa tucana puro-sangue com o
ex-governador José Serra. A possibilidade, categoricamente descartada por
Serra, voltou a ser cogitada no PSDB diante da pressão com a chapa Eduardo
Campos e Marina Silva, do PSB.
Serra, que participou de reuniões políticas na quinta-feira,
17, em Brasília e deu declarações como se fosse ele o candidato à Presidência,
descartou a possibilidade de ser vice de Aécio, como desejado pelo grupo
mineiro. Rechaçou, inclusive, ocupar a cabeça da chapa tendo o mineiro, que
atualmente preside o PSDB, na vice. "Delirar é livre. A gente pode aqui
especular sobre qualquer assunto. Mas não faz sentido", respondeu Serra
quando questionado sobre a possibilidade de uma chapa puro-sangue. (AE)
O ex-governador disse que não abandonou a política e
que tem a garantia do próprio Aécio, "falando como presidente do PSDB, e
não como candidato", que a definição sobre a escolha do nome (para a
sucessão presidencial) só ocorrerá em março. "Portanto, está tudo como era
antes", disse.
Serra tem lutado para que sejam realizadas prévias para a
escolha do candidato que vai enfrentar Dilma Rousseff, e também agora a dupla
formada pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e a ex-ministra do Meio
Ambiente Marina Silva. O ex-governador disse que não se surpreendeu com a mais
recente pesquisa Datafolha, na qual aparece com 20% das intenções de voto, numa
simulação de disputa com Dilma e Marina. "Já tinha tudo isso presente. Não
é nada novo. E isso tudo numa semana de pico do Eduardo Campos e da
Marina."
Solução interna
De acordo com informações de tucanos, Aécio Neves tem
trabalhado para tornar Serra o vice na chapa do PSDB. Com a estratégia,
avaliam os aliados do mineiro, ele atrelaria Serra à campanha e teria chance
concreta de conquistar o máximo de votos possíveis em São Paulo.
O maior desafio para Aécio é justamente São Paulo. Em Minas
Gerais, o tucano espera obter votação recorde. Se alcançar votação expressiva
nos dois maiores colégios eleitorais do País, o PSDB garantiria a ida ao
segundo turno, provavelmente contra a presidente Dilma Rousseff, líder nas
pesquisas.
Mas, de acordo com informações de tucanos, as chances de a
negociação prosperar são baixíssimas diante da resistência de José Serra, que
esboçou forte reação contra a ideia ontem ao ser abordado pela reportagem no
plenário do Senado.
Sem aposentadoria
Contrariado, Serra assumiu de novo uma postura de candidato
e, como tal, fez vários ataques ao governo de Dilma Rousseff. Reiterou que a
situação no PSDB não está definida e que não abandonou a política, ao contrário
do que muitos pensavam que aconteceria. Para aliados de Serra, apesar de a
maioria do PSDB dar como certa a candidatura de Aécio, ele permanecerá à
espreita caso o mineiro desista de concorrer em 2014.
A rejeição à vice tem sido também incentivada pelo grupo
serrista. O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) disse que essa hipótese
está descartada. "Posso garantir que o Serra não será vice. Isso não foi
pensado, não foi negociado, não foi falado. Ele é candidato a presidente. E
espera pelo momento da definição", afirmou o senador, que ontem recebeu
Serra em seu gabinete, ao jornal O Estado de S. Paulo.
Do lado de Aécio - que controla os diretórios nacional e
estaduais - busca-se uma saída para o impasse entre os dois. Com poucas
condições de vê-lo na vice, o plano B seria convencer Serra a disputar o Senado
ou a Câmara e, ao mesmo tempo, ser uma espécie de coordenador do programa de
governo dos tucanos. (As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.)
0 comentários:
Postar um comentário