Camila Maciel - Enviada Especial
Florianópolis - O comandante-geral da Polícia Militar (PM)
de Santa Catarina, coronel Nazareno Marcineiro, avalia que os ataques no estado
mudaram de perfil desde segunda-feira (4). Segundo ele, os casos são
característicos de vândalos e oportunistas.
“[Isso ocorre] com ações, algumas delas já bem constatadas,
de aproveitar para colocar fogo no seu carro que estava abandonado, aproveitar
para colocar fogo em um caminhão e quem sabe o seguro possa cobrir. [São]
crianças brincando de incendiar colchões e acabam por colocar fogo na casa”,
disse à Agência Brasil.
Ele destacou, no entanto, que os ataques relacionados a
ordens de facções criminosas permanecem. “Algumas prisões estão sendo feitas
com identificação de pessoas que estavam liderando esse processo criminoso, de
maneira com que esses ataques estão sendo fortemente coibidos”. Ontem (6), em
Joinville, seis pessoas suspeitas de participação nos atos violentos foram
presas preventivamente. Com isso, 30 pessoas foram detidas desde o início das
ocorrências, no dia 30 de janeiro.
O comandante confirma que a ordem para essa nova série de
ataques está partindo de membros de uma facção criminosa que atua dentro de
presídios do estado. “Alguns desses criminosos estão dentro dos presídios e
outros estão nas ruas. Todos nós sabemos que as ordens saem das prisões por
meio das saídas temporárias que os detentos fazem e por pessoas que, de uma
forma ou de outra, fazem contato com o mundo penitenciário.” Continue lendo...
Os locais escolhidos para os ataques, que são recorrentes na
região do Vale do Itajaí, estão relacionados à proximidade com presídios,
segundo ele. “Na Sala de Situação da PM, para onde convergem as múltiplas
informações, há uma linha de raciocínio comum que é a de relacionar o ato com
os presídios”. Ele destacou Joinville como cidade onde estão sendo registrados
mais ataques. “Na vez passada, nos ataques de novembro, tivemos uma situação
demarcada em Florianópolis. Nesta ocasião, Joinville tem sido o local com mais
episódios, talvez porque seja a maior cidade do estado.”
Durante os ataques de novembro, surgiram denúncias de
maus-tratos na Penitenciária São Pedro de Alcântara, localizada em
Florianópolis. Na época, equipes da Secretaria de Direitos Humanos da
Presidência da República estiveram no local vistoriar e apurar possíveis casos
de tortura. Nesta nova série de atentados, o Presídio Regional de Joinville é
alvo de inquérito que investiga abusos cometidos por agentes penitenciários
durante uma operação pente-fino no dia 18 de janeiro.
Imagens do circuito interno do presídio, divulgadas pela
imprensa no último dia 2, mostram que os agentes usaram balas de borracha e gás
de pimenta contra os detentos, mesmo com eles em situação de controle. (Edição:
Talita Cavalcante)
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