ÁREA NA AMAZÔNIA BOLIVIANA ENTRA NA LISTA DE PRIORIDADES
INTERNACIONAIS
Carolina Gonçalves - Repórter da Agência Brasil
Brasília – Llanos de Moxos, na Amazônia boliviana,
considerada a maior área úmida do mundo, foi incluída na lista de áreas
prioritárias pela comunidade internacional que recomenda medidas de conservação
da área. A decisão foi anunciada pelo grupo de mais de 150 países signatários
da Convenção sobre Áreas Úmidas de Importância Internacional, assinada em 1971,
no Irã.
Com essa espécie de “tombamento da região”, que ocupa quase
7 milhões de hectares, os países pretendem afastar ameaças que poderiam
impactar outros territórios, como desvio de fluxos de água em função de
construções de estradas ou da pecuária extensiva e plantações de soja, por
exemplo.
Especialistas defendem que áreas como Llanos de Moxos são
capazes de evitar inundações, manter vazões mínimas nos rios durante a estação
seca e regular o ciclo hidrológico da região. Líder da Iniciativa Amazônia Viva
da Rede WWF, Claudio Maretti, engrossa o coro do grupo que garante que a
conservação das áreas asseguram o bom funcionamento de todo o bioma amazônico,
que abrange nove países.
“São áreas úmidas da Amazônia, como minipantanais, e essas
águas escoam para o Brasil também. A sanidade desses cursos da água e dos
serviços ecológicos que oferecem, como o retardo de cheias, beneficia as áreas
brasileiras em termos de produtividade pesqueira e estabilidade de ecossistemas
e até da produção hidrelétrica”, explicou Maretti.
Outra bandeira levantada pelos que defendem a implantação de
políticas de uso sustentável nessas áreas é a de que, com a articulação de
medidas de conservação com atividades econômicas, as unidades são capazes de
regular, inclusive, o clima. “Funciona como uma espécie de ar-condicionado,
resfriando o clima pela umidade que faz circular, gerando chuvas no centro-sul
da América do Sul, como na região do bioma Cerrado, São Paulo e mesmo de outros
países como o Paraguai”, disse. Continue lendo...
A decisão, entretanto, não cria obrigações administrativas
para os países ou, especificamente, para o governo boliviano.
“A convenção tem uma influência limitada no nível nacional.
O país que apresenta uma área candidata ao sítio da convenção se compromete com
algumas diretrizes, mas não é, necessariamente, uma criação de área protegida
e, sim, o reconhecimento internacional que aquela área merece estar na lista”,
explicou Maretti. “A Bolívia ofereceu a área para candidatura depois de um
estudo que apresentou conclusões sobre o potencial da área e aceitou regras de
conservação”, acrescentou.
A expectativa é que o governo boliviano implemente políticas
de uso sustentável que garantam a conservação dos recursos hídricos e serviços
ecológicos, sem excluir as atividades econômicas que já são desenvolvidas na
região.
Os compromissos voluntários podem ser adotados por qualquer
representante da convenção. De acordo com a organização não governamental WWF,
os levantamentos feitos na área apontaram que Llanos de Moxos concentra 131
espécies de mamíferos, 568 diferentes aves, 102 de répteis, 62 de anfíbios, 625
de peixes e pelo menos mil espécies de plantas. (Edição: Lílian Beraldo)
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