POR 56 VOTOS, RENAN É ELEITO NOVAMENTE PRESIDENTE DO SENADO
Sucessor de Sarney, peemedebista fez discurso baseado na
ética, mas enfrenta denúncia do procurador-geral por escândalo que o fez
renunciar ao cargo em 2007
Luciana Lima , iG Brasília
O Senado elegeu nesta sexta-feira (1º) por 56 votos
Renan Calheiros (PMDB-AL) presidente da Casa para o biênio 2013-2014. O
peemedebista teve o apoio da maioria dos partidos da base aliada e venceu Pedro
Taques (PDT-MT), que representava o grupo de independentes e obteve 18 votos.
Foram dois votos nulos e dois em branco.
Na sessão que o elegeu, Renan tentou ignorar as denúncias de
corrupção contra ele e os ataques implícitos no discurso de seu opositor. O
peemedebista optou por usar todo tempo de sua fala para apresentar propostas de
transparência e maior agilidade administrativa para a Casa. O senador
aproveitou também para afagar a imprensa, prometendo barrar propostas que
atentem contra a liberdade de expressão, e às mulheres, propondo a criação
Senado de uma procuradoria da Mulher.
Renan só não ignorou solenemente as questões éticas porque
decidiu, ao final da parte escrita de seu discurso, improvisar algumas palavras
sobre a aprovação da Lei da Ficha Limpa. Continue lendo...
Ao falar depois do discurso do senador Pedro Taques, Renan
formulou a ideia da ética como uma obrigação dos políticos. “Alguns aqui
falaram sobre ética e seria até injusto com este Senado Federal, que aprovou
celeremente, como nunca tão rapidamente outra matéria tramitou aqui, a Lei da
Ficha Limpa, demonstrando sobejamente que esse é o compromisso de todos nós”,
disse Renan.
“A ética não é o objetivo em si mesmo. O objetivo em si
mesmo é o Brasil, é o interesse nacional. A ética é meio, não é fim; a ética é
obrigação de todos nós, é responsabilidade de todos nós e é dever deste Senado
Federal”, disse Renan.
Em denúncia apresentada pelo procurador geral da República,
Roberto Gurgel, de ter praticado os crimes de peculato, falsidade ideológica e
utilização de documentos falsos, quando teve que explicar a acusação de ter a
pensão de sua filha, com a jornalista Mônica Veloso, pagas por um lobista da
empreiteira Mendes Júnior.
Adotando um tom irônico, o senador Pedro Taques se
apresentou como um “perdedor”. “Eu, senhor presidente, anunciado perdedor,
comprometo-me, perante meus pares e perante todo o País, a impugnar esses
exageros do Poder Executivo. Será que o anunciado vencedor pode fazer idêntica
promessa?”, iniciou Taques, que ao longo de sua fala chegou a se comparar com
ilustres personagens da história que também enfrentaram derrotas, como Ulisses Guimarães
e Darcy Ribeiro.
“Os derrotados de um dia vencem noutro. Maiorias se tornam
minorias. Mas a dignidade, senhores senadores, jamais esmorece. Nós, os que
vamos perder, saudamos todos, com a dignidade intacta e o coração efusivo de
esperança”, disse Taques
Taques citou os pedidos que circularam na internet
contrários à eleição de Renan Calheiros. “Esta candidatura é daqueles que nunca
tiveram voz nesta Casa, é dos mais de 300 mil brasileiros que assinaram a
petição eletrônica”, destacou.
Cético em relação a uma mudança na intenção do Senado de
eleger Renan, o senador Pedro Taques também acusou os colegas de estarem
imersos em um silêncio diante das denúncias. “Eu peço o voto de cada Senador e
peço silêncio aos senhores. Ouçam este silêncio. Este silêncio é o silêncio do
covarde, é o silêncio daquele que tem medo. Sintam este silêncio. Este é o
silêncio de quem aceita, de quem não resiste”. (IG-SP)
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