Lya Fett Luft nasceu |
Em São Paulo, só para dar um exemplo, os arrastões são tão comuns que em alguns
restaurantes o cliente é recebido por dois ou quatro seguranças fortemente
armados, com colete à prova de bala, que o acompanham olhando para os lados -
atentos como em séries criminais americanas. Quem, nessas condições, ainda se
arrisca a esta coisa tão normal e divertida, comer fora?
Pessoas inocentes são chacinadas: vemos protestos, manifestações, choro e imprensa no cemitério, mas nada compensará o desespero das famílias ou pessoas destroçadas, cujo número não para de crescer. Em nossas ruas não se vê um só policial, daqueles que poucos anos atrás andavam em nossas calçadas. A gente até os cumprimentava com certo alívio. Não sei onde foram parar, em que trabalho os colocaram, nem por que desapareceram. Mas sumiram. Morar em casa é considerado loucura, a não ser em alguns condomínios, e mesmo nesses o crime controla o porteiro, entra, rouba, maltrata, mata. Recomenda-se que moremos em edifícios: "mais seguros", seria a ideia. Mas, mesmo nos edifícios, nem pensar, a não ser com boa portaria, ou será alto risco, diz a própria polícia, aconselhando ainda porteiros preparados e instruídos para proteger dentro do possível nossos lares agora precários. Continue lendo...
Somos uma geração assustada, desamparada, confinada, gradeada - parece sonho
que há não tanto tempo fosse natural morar em casa, a casa não ter cerca, a
meninada brincar na calçada; e não morávamos em ilhas longínquas de continentes
remotos, mas aqui mesmo, em bairros de cidades normais. Éramos gente
"normal". Hoje, a população, apavorada, está nas mãos de criminosos,
frequentemente impunes. Na desorganização geral, presídios superlotados onde
não se criariam porcos também abrigam pessoas inocentes ou que nunca foram
julgadas. A impunidade é tema de conversas cotidianas, leis atrasadas ou não
cumpridas nos regem, e continua valendo a inacreditável lei de responsabilidade
criminal só depois dos 18 anos. Jovens monstros, assassinos frios, sem remorso,
drogados ou simplesmente psicopatas saem para matar e depois vão beber no bar,
jogar na lan house, curtir o Facebook, com cara de bons meninos. Num artifício
semântico insensato e cruel, se apanhados, não os devemos chamar de assassinos:
são infratores, mesmo que tenham violentado, torturado, matado. Não são presos,
mas detidos em chamados centros socioeducativos. E assim se quer disfarçar
nosso incrível atraso em relação a países civilizados. No Canadá. Holanda e outros,
a idade limite é de 12 anos; na Alemanha e outros. 14 anos. No Brasil,
consideramos incapazes assassinos de 17 anos, onze meses e 29 dias.Pessoas inocentes são chacinadas: vemos protestos, manifestações, choro e imprensa no cemitério, mas nada compensará o desespero das famílias ou pessoas destroçadas, cujo número não para de crescer. Em nossas ruas não se vê um só policial, daqueles que poucos anos atrás andavam em nossas calçadas. A gente até os cumprimentava com certo alívio. Não sei onde foram parar, em que trabalho os colocaram, nem por que desapareceram. Mas sumiram. Morar em casa é considerado loucura, a não ser em alguns condomínios, e mesmo nesses o crime controla o porteiro, entra, rouba, maltrata, mata. Recomenda-se que moremos em edifícios: "mais seguros", seria a ideia. Mas, mesmo nos edifícios, nem pensar, a não ser com boa portaria, ou será alto risco, diz a própria polícia, aconselhando ainda porteiros preparados e instruídos para proteger dentro do possível nossos lares agora precários. Continue lendo...
Recentemente, um criminoso de 15 anos confessou tranquilamente ter matado doze pessoas. "Me deu vontade", explicou, sem problema, e sorria. "Hoje a gente saiu a fim de matar", comentou outro adolescentezinho, depois de assaltar, violentar e matar um jovem casal junto com outro comparsa. Esses e muitos outros, caso estejam em uma dessas instituições em que se pretende educar e socializar indiscriminadamente psicopatas e infratores eventuais, logo estarão entre nós, continuando a matança. Quem assume a responsabilidade? Ninguém, pois estamos em uma guerra civil que autoridades não conseguem resolver, uma vez que nem a lei ajuda. Estamos indefesos e apavorados, nas mãos do acaso. Até quando?
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