TUCANO DENUNCIA QUE BARBALHO ESCONDE SER DONO DA TV TAPAJÓS
E PEDE CADEIA DE "PODEROSOS" QUE ROUBARAM A SUDAM
Thiago Vilarins - Da Sucursal de Brasília
O senador Mário Couto (PSDB-PA) exigiu ontem
esclarecimentos à Mesa Diretora sobre a declaração de bens apresentada pelo
senador Jader Barbalho (PMDB-PA). Segundo a denúncia de Couto, que pediu
punição aos "poderosos" que desviaram recursos da Superintendência de
Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), Jader comprou, em 2001, participação em
uma emissora de televisão em Santarém, a TV Tapajós, que não consta em seu
patrimônio declarado. "É essa explicação da Mesa que eu desejo. Quero
saber por que a TV Tapajós pertence a um senador da República, mas em seu
patrimônio isso não consta há mais de dez anos. Onde está o Fisco, que está
sendo enganado? Onde está o Senado, que está sendo enganado?", indagou.
"Quero saber por que a TV Tapajós pertence a um senador
da República, mas em seu patrimônio isso não consta há mais de dez anos."
O tucano lembrou que a denúncia também foi apresentada pela
ex-senadora paraense Marinor Brito (PSOL) ao Ministério Público Federal, mas
salientou que a Mesa deve se pronunciar a respeito por se tratar de questão
envolvendo senador no exercício do mandato. Continue lendo...
"Esta Mesa Diretora tem que se pronunciar em relação
a isso. Eis na minha mão o patrimônio do senador Jader Barbalho, patrimônio de
2012, portanto, que foi encaminhado à Mesa Diretora, como nós todos temos a
obrigação de fazer na hora que assumimos o nosso mandato. Mas não existe nesse
patrimônio apresentado à Mesa. É essa a explicação que eu quero",
afirmou.
Indignação - Couto também manifestou sua indignação com
o jornal "Diário do Pará", que publicou reportagem sobre seu
patrimônio em represália às denúncias de corrupção que tem feito na tribuna do
Senado. Para Mário Couto, o jornal listou "muito pouca coisa" para
quem tinha sido classificado como "milionário". "Não é possível
que, durante uma vida de 27 anos de mandato, eu só tenha uma casa e uma lanchinha.
Mas eu não roubei a Sudam. Eu não roubei o Banpará. Eu não sou ladrão. Por isso
meu patrimônio é pequeno", disse.
"Agora, se fossem mostrar o patrimônio deste jornal,
com certeza essa página inteira não daria. Com certeza, se virasse a outra
página, não daria. Com certeza, se abrissem as duas páginas, não daria para
mostrar tudo. Olha o que aqui faltou no meu patrimônio. Eu não tenho avião, não
colocaram aqui. Eu não tenho avião, jornaleco. Não tenho. Eu não tenho jornal,
eu não tenho televisão - estou cansado de dizer isso aqui -, eu não tenho
fazendas. Eu declaro o meu Imposto de Renda e entrego ao Senado Federal com
todo o meu patrimônio. Não tiro nenhum patrimônio para entregar à Mesa do
Senado", completou.
Mário Couto disse acreditar que o combate à corrupção gera
nos corruptos a "ansiedade de calar esta voz", o que, conforme
relatou, tem resultado em ameaças de morte. "Sei que a minha luta é árdua.
Sei que a minha família é ofendida. Sei que já soltaram uma bomba dentro da
garagem da minha casa. Sei que o Ministério Público já me avisou que estou
prometido de morte. E de tudo que falo tenho documentos", relatou o
parlamentar, completando não temer os ataques dos seus oponentes políticos.
Contrato ficou engavetado por dez anos
O caso foi deflagrado em 2011, pela revista
"Veja". Segundo a reportagem, Jader fez a compra do Sistema Tapajós
de Comunicação, uma retransmissora da Rede Globo em Santarém, no valor de R$ 20
milhões, por meio de um contrato que ficou engavetado por dez anos, sem que
fosse registrado na Junta Comercial do Estado.
Apenas após a morte do seu sócio, o ex-cabo eleitoral
Joaquim da Costa Pereira, quando foi aberto o inventário, para não perder o seu
patrimônio, em 2011, Jader Barbalho fez o registro na Junta Comercial do Pará e
juntou o documento ao processo. O caso é tão nebuloso que ele fez questão de
manter a sua participação no negócio em sigilo, escondendo, inclusive da
Receita Federal, do Congresso Nacional e da Justiça Eleitoral.
Fora do Congresso Nacional, o caso está sob investigação da
Procuradoria Geral da União e do Ministério Público do Estado (MPE-PA) a pedido
da ex-senadora e atual deputada estadual Marinor Brito (PSOL).
"Se o documento é falso, então ele cometeu um
crime", diz tucano
O senador Mário Couto (PSDB-PA) disse ontem, na tribuna do
Senado, que "não adianta espernearem, não adianta me colocarem em
jornais". "Os paraenses sabem que esse jornal que tenho em mãos,
chamado ‘Diário do Pará’, não tem credibilidade na minha terra. Este jornal
aqui, que eu encaro porque tenho honra para encarar, não me mete medo, não faz
nem coceira. Nem coceira vocês me fazem. Podem falar o que quiserem. Agora,
vocês não têm consistência de mostrar. Eu mostro. Está aqui na minha mão. Eu
exijo. Eu quero resposta da Mesa com relação ao que eu falei aqui", disse
Couto.
"Ministros do STF, ponham na cadeia aqueles que
roubaram a Sudam. O rombo da Sudam é dez vezes maior que o rombo que os
mensaleiros causaram à Nação."
Sudam - Mário Couto lamentou a falta de condições da
Sudam para estimular o desenvolvimento da Amazônia e proteger os pobres depois
que seus cofres foram "surrupiados". Ele pediu esforço dos ministros
do Supremo Tribunal Federal (STF) para levar a julgamento os responsáveis pelo
desvio "dez vezes maior que o Mensalão".
"Eu sonhei que aqueles que roubaram a Sudam estavam
presos. É verdade, senadores? Ninguém está preso. Não é verdade. Que pena! Que
pena que não é verdade. Meus queridos ministros do Supremo Tribunal Federal,
pelo respeito que tenho por V. Exªs, ponham na cadeia aqueles que roubaram a
Sudam. O rombo da Sudam é dez vezes maior que o rombo que os mensaleiros
causaram à Nação. E até hoje, ministros, ninguém foi chamado a nada. Há mais de
dez anos os processos da Sudam estão engavetados", protestou.
"Eu rasguei a CPI da Sudam. Eu rasguei. Peço desculpas
à Mesa, neste momento, na minha humildade. Mas sabe por que eu rasguei? Porque
não adiantava prosseguir. Eu, para conseguir levar uma Comissão para o meu Estado,
levei quase dois meses. Faça a ideia uma CPI para apurar a Sudam",
explicou o senador. Após o pronunciamento, Couto disse à reportagem que precisa
dessa informação sobre a declaração de bens do senador peemedebista
oficialmente da Mesa Diretora da Casa para, caso seja confirmada a denúncia,
levar o caso para o Conselho de Ética e dar início a um novo processo de
cassação. "Se ele não declarou, ele tomou posse com um Imposto de Renda
falso. Se o documento é falso, então ele cometeu um crime. E se ele cometeu um
crime, então vai ser investigado pelo Conselho de Ética", esclareceu. (Amazônia
– ORM)
0 comentários:
Postar um comentário