Nelson Vinencci é músico, cantor e compositor da Amazônia, tem uma Coluna o Jornal O Impacto e escreve aqui no Espalha Brasa. |
“Aquele é o filho do Chico Pontes, caixeiro do finado Alonso,
estudou é doutor, e agora veio aqui como o nosso governador do Pará...”
Essas
palavras ditas por uma senhora mojuiense de meia idade, próximo a parada de
ônibus na praça central de Mojuí dos Campos, marcaram a minha ida até lá, na
manhã de Quinta feira (28) de Março 2013.
Fui ver de
perto Helenilson Pontes governador do Pará, entregar uma estrada totalmente
asfaltada para seu povo sofrido do planalto santareno. Cena que muito me
interessava pelo seu valor sociológico.
Os
primeiros imigrantes nordestinos que chegaram em Mojuí foi supostamente em 1914, retirantes como José Bezerra, Benedito,
José e Manuel Viana e outros que por serem analfabetos não registraram o exato
momento de suas chegadas na história do lugarejo.
Já na
década de 1950, Antônio Walfredo Pessoa, Maria Walfredo Fernandes, Júlio
Walfredo Pontes e outras famílias se instalaram no Vilarejo de Mojuí e
Palhauzinho.
Em 1952, 53,
Dom Floriano fez uma grande campanha para conseguir material na intenção de
construir a Vila Arigó no bairro da Prainha e retirar debaixo do trapiche, na
Praça do Pescador, os retirantes que alí ficavam deixados pelas embarcações, vindos
por intermédio de outros nordestinos para Santarém. A maioria deles foi parar
em Mojuí.
Esse povo
sofreu muito, sem estudo, sem rumo, sem perspectiva nenhuma, passaram a labutar
de sol a sol, em Santarém e em Mojuí dos Campos na lavoura e no comércio.
Receberam
logo do santareno o rótulo de ‘arigó’, nome pejorativo, como ‘mocorongo’, que
diminui o ser humano, como se fosse um sem nada, sem destino, sem amanhã.
Em 1995
teve o primeiro plebiscito em Mojuí dos Campos para ver se o povo queria virar
cidade e deixar de ser Vila de Santarém, foi uma tragédia - invadido por
políticos cruéis, trapacearam o resultado, em 1999 houve de novo, e 85% votaram
a favor, assim virou cidade.
Todos estes
anos Mojuí dos Campos foi reduto de voto de políticos oportunistas e
aproveitadores. Mas a liberdade ainda que tarde, raiou no sol quente, eu vi, ninguém
me contou, estava lá e presenciei a cena.
Helenilson
Pontes, Nélio Aguiar, Jailson Alves, Emir Aguiar, Marcílio Cunha, Nicolau do
Povo e outros nordestinos de sangue puro, comandaram o espetáculo da NOVA SAGA
NORDESTINA DE MOJUÍ DOS CAMPOS.
Helenilson
governador, Nélio deputado estadual, Jailson prefeito da cidade, Emir, Marcílio
e Nicolau, vereadores, todos com raízes profundas em Mojuí dos Campos, diante
de seu povo, em um momento talvez único da história, protagonizaram a vitória
tão sonhada por todos que lutam por ideais e cidadania.
Netos e
parentes, dos primeiros nordestinos, inquietos lutadores por dias melhores pelos
campos do Mojuí, esbanjavam poder, diante de uma gente que talvez nem
acreditasse, que um dia um nordestino de casa, chegasse na cidade como
Governador do Pará, diante daquele humilde povo sofrido.
Então me
veio logo as palavras da senhorinha da parada de ônibus: ‘eles estudaram, se
formaram, e hoje estão aí’ como vencedores, trazendo cidadania, exemplo de que
na democracia a liberdade só tem uma via; a do conhecimento geopolítico.
Nunca na
história daquele povo se esperava que em tão pouco tempo, um nordestino
chegasse tão de repente, tão poderoso, onde os que outrora os oprimiram, formavam
uma fila enorme para lhes apertarem as mãos, invertendo os valores do passado.
O povo que
antes se humilhava diante de políticos imponentes de outros lugares, agora se
orgulhava por ser ele o dono do poder.
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