PRÁTICA HOMOSSEXUAL AINDA É CRIME EM 78 PAÍSES; CINCO DELES
APLICAM PENA DE MORTE
Débora Melo - Do UOL, em São Paulo
RELEMBRE CASOS DE AGRESSÕES HOMOFÓBICAS NO BRASIL E NO MUNDO
18.dez.2010 - O gerente de tecnologia da informação P.R.,
32, foi agredido ao sair da boate The Week, na Lapa, zona oeste de São Paulo.
Espancado por dois homens armados com pedaços de ferro, ele teve um osso do
face quebrado, além de ferimentos nos braços e na barriga. P.R. diz que
conversava com um amigo quando quatro homens saíram de dois veículos gritando:
"Corre, vamos matar vocês" Leia
maisSilva Junior/Folhapress
Ao menos 78 países ainda contam com leis que criminalizam
práticas homossexuais, de acordo com relatório anual sobre homofobia divulgado
neste mês pela Ilga (sigla em inglês para International Lesbian, Gay, Bisexual,
Trans and Intersex Association).
A maioria dos países listados fica na África, seguidos por
Ásia e América Central. A prática é legal em toda a Europa e América do Norte,
e na América do Sul apenas a Guiana criminaliza a homossexualidade. Já as leis
do Iraque e da Índia são classificadas como "incertas" ou "indefinidas"
pela entidade.
Pessoas declaradas culpadas por conduta homossexual podem
ser condenados à morte em cinco países: Arábia Saudita, Irã, Iêmen, Mauritânia
e Sudão --além de regiões da Nigéria e da Somália.
Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), a aplicação da pena de morte na punição de crimes não violentos --incluindo relações sexuais entre adultos do mesmo sexo-- constitui uma violação da lei internacional sobre direitos humanos.
Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), a aplicação da pena de morte na punição de crimes não violentos --incluindo relações sexuais entre adultos do mesmo sexo-- constitui uma violação da lei internacional sobre direitos humanos.
Desde 2000, contudo, as leis que criminalizam atos
homossexuais foram revogadas na Armênia, Azerbaijão, Bósnia-Herzegovina, Cabo
Verde, Geórgia, Nicarágua e Estados Unidos, por exemplo, sendo que os casos
mais recentes são Panamá (2008), Nepal (2008) e Fiji (2010).
No texto de apresentação do relatório, assinado pelos
secretários-gerais Gloria Careaga e Renato Sabbadini, a Ilga afirma que a
criminalização representa a prática da homofobia pelo próprio Estado. Tal
conceito é defendido por Toni Reis, secretário de educação da ABGLT (Associação
Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais).
"Como disse [o líder indiano] Gandhi, uma civilização é
julgada pelo tratamento que dispensa às minorias. A criminalização é a pior
forma de homofobia que existe. Aqui, por exemplo, a gente combate a igreja e
defende a laicidade do Estado", disse Reis.
Os secretários da Ilga afirmaram ainda que uma situação
particular é observada em países como a Rússia, onde "o Estado não
criminaliza as relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo [a mudança ocorreu
em 1993], mas incentiva a homofobia por meio de leis contra os ativistas
LGBT".
Para a entidade, "não é exagero" dizer que o
governo russo tem a responsabilidade pelo assassinato
brutal do jovem gay Vlad Tornovy, de 23 anos, na semana passada, na cidade
de Volgogrado. De acordo com informações da BBC, o jovem teve o crânio esmagado
e foi estuprado com uma garrafa de cerveja.
CASAMENTO GAY
Permitido atualmente em 14 países, o casamento gay foi
autorizado na Dinamarca em 1989 e depois adotado por Holanda, Bélgica, Espanha,
Canadá, África do Sul, Noruega, Suécia, Portugal, Islândia, Argentina. Em 2013
também entraram para a lista Uruguai, Nova Zelândia e França.
No Brasil, cartórios de todo o país passaram a ser obrigados
a celebrar casamento entre pessoas do mesmo sexo --a regra entrou em vigor
ontem (16). Os cartórios também não poderão se recusar a converter união
estável homoafetiva em casamento. A medida foi aprovada na terça-feira (14)
pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça), mas ainda cabe contestação no STF
(Supremo Tribunal Federal).
Nos Estados Unidos --com Barack Obama como o primeiro
presidente a declarar publicamente seu apoio à legalização do casamento gay--,
alguns Estados já reconhecem a união gay. A Suprema Corte americana se reuniu
em março para discutir mudanças nos direitos dos homossexuais, mas a decisão
foi adiada para junho.
VEJA PAÍSES QUE AUTORIZARAM O CASAMENTO GAY
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