REGRAS INÉDITAS DE CONVIVÊNCIA ENTRE HOMENS E BOTOS DEVEM
SER REGULAMENTADAS NO AM
Desaparecimento de 5% da população de botos levou o Conselho
de Meio Ambiente a estudar regras de convivência
CAROLINA SILVA- A CRÍTICA
O Conselho Estadual de Meio Ambiente do Amazonas (CMAAM)
pretende regulamentar a interação entre seres humanos e botos vermelhos, uma
das principais atrações turísticas do Estado. O conselho analisa no momento a
minuta da resolução que estabelecerá regras para esse tipo de atividade de
baixo impacto. A resolução será o instrumento jurídico para conservar a espécie
na região amazônica.
Conforme o conselho, será um marco regulatório inédito no
Brasil no que diz respeito a regras de interação entre seres humanos e animais
para que a espécie não tenha seu hábito natural alterado. “Utiliza-se o boto no
Município de Novo Airão, por exemplo, como atração turística. Mas hoje não há
nenhuma regra. É preciso ter regras estabelecidas para usar esses recursos.
Famílias ribeirinhas têm renda com isso, mas é importante dar garantias de que
a espécie não será prejudicada”, explicou a Secretaria de Estado de Meio
Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS), Nádia Ferreira. Continue lendo...
A criação da minuta de Resolução do CMAAM é atribuída ao
grupo de trabalho instituído pela SDS por meio da portaria 129/2012 para propor
medidas de conservação e de proteção aos botos vermelhos (cetáceos amazônicos)
junto aos órgãos competentes. O grupo foi criado visando coibir o uso da carne
de botos para a pesca do piracatinga, também conhecido como urubu d’água por
comer animais mortos. Além disso, é chamado comercialmente douradinha.
“A carne de boto tem servido de isca para esse peixe. E por
isso, pessoas estão sendo contratadas para matar botos. Com a carne dessa
espécie se consegue quantidades imensas de piracatinga. Criou-se, então, esse
grupo de trabalho e dele vão se originar quatro documentos jurídicos para
ajudar na conservação dos botos. No entanto, o vilão não é a piracatinga, e
sim, o homem, que tem matado sem consciência dos prejuízos à população de
botos”, disse Nádia.
Ampa
A informação sobre o desaparecimento de botos vermelhos nos
rios da Amazônia foi dada à SDS pela Associação Amigos do Peixe-Boi da
Amazônia (AMPA) no ano passado com base no desaparecimento de 50% dos animais
que faziam parte de um estudo da espécie na Reserva de Desenvolvimento
Sustentável (RDS) de Mamirauá.
Em 2010, o Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade (ICMbio ) também iniciou um trabalho para o ordenamento do
turismo com animais. Porém, três anos depois, nenhuma minuta de proposta para a
criação de uma resolução foi aprovada ainda pelo Governo Federal. “Nesse grupo
de trabalho tinham membros do Amazonas. Resolvemos, então, criar um documento
que está dentro da realidade amazônica”, disse a titular da SDS. (A Crítica)
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