A Copa das Confederações e o papa Francisco se foram,
deixando para trás um Brasil em litígio com a própria história. Sim, o Brasil
está brigando com o Brasil. O brasileiro está em conflito consigo e com as
instituições do país, embora insista em dar nomes diversos ao inimigo. Depois
de quase três décadas de democracia, o país vive uma crise de identidade.
Adormecido, ou melhor, entorpecido durante alguns anos, em que lutava pela
própria sobrevivência, o cidadão teve seus momentos de população conflagrada. Três
meses após ganhar as ruas, alguns ainda se perguntam: quais os motivos de tanta
revolta? Afinal, o Índice de Desenvolvimento Humano melhorou - e muito. Em
outras palavras, a vida está melhor. Mas não o suficiente. E é aí que mora o
problema, ou melhor, a solução.
Descobrimos que o bonzinho pode ser melhor, que o ruim não pode voltar e que o péssimo já não tem lugar num país com potencial para ser rico e promissor. Os programas de renda mínima e o poder de consumo elevaram o status da família, que não quer voltar à miséria; o dragão da inflação, que parecia enjaulado, voltou a cuspir fogo e a queimar as esperanças de levar fartura à mesa, além de ameaçar transformar em cinzas o plano de reeleição da presidente Dilma e de seu partido; os serviços públicos e privados de qualidade abaixo de qualquer civilidade, como os transportes, já não não compatíveis com o grau de expectativa da população. Logo, o brasileiro se debate contra o próprio conformismo. Continue lendo...
A ideia, agora, é: não vamos aceitar. Não vamos permitir nosso silêncio em
relação ao descaso, nem as relações promíscuas dos políticos com o eleitorado.
Não podemos mais admitir, à custa do nosso suor, a bandidagem nos diversos
escalões de poder. Ainda falta, é certo, o mais difícil embate: o do brasileiro
com suas obrigações e sua cidadania. Sim, de nada adianta exigir correção do
andar de cima, dos políticos em geral, se continuamos a exercer o nosso
peculiar jeitinho para fugir dos impostos e desrespeitar todo tipo de lei. Essa
talvez seja a mais difícil e custosa batalha. E abro um parêntesis: ela não
pode começar com a oferta de dinheiro a quem se proponha a denunciar corruptos.
A meu ver, seria um tremendo retrocesso, um caminhar na direção oposta ao do
crescimento da cidadania brasileira - ou estou sendo rigorosa, e a população
precisa de um incentivo, caro leitor?Descobrimos que o bonzinho pode ser melhor, que o ruim não pode voltar e que o péssimo já não tem lugar num país com potencial para ser rico e promissor. Os programas de renda mínima e o poder de consumo elevaram o status da família, que não quer voltar à miséria; o dragão da inflação, que parecia enjaulado, voltou a cuspir fogo e a queimar as esperanças de levar fartura à mesa, além de ameaçar transformar em cinzas o plano de reeleição da presidente Dilma e de seu partido; os serviços públicos e privados de qualidade abaixo de qualquer civilidade, como os transportes, já não não compatíveis com o grau de expectativa da população. Logo, o brasileiro se debate contra o próprio conformismo. Continue lendo...
Essa necessária análise de si e de seus comportamentos no dia a dia é demorada, mas pode começar com um outro processo. Daqui a pouco, tem início a contagem regressiva de um ano até as próximas eleições. Suspeita-se que haverá grande renovação dos quadros políticos. Não faria sentido o movimento das ruas se essas eleições não mostrassem o grau de insatisfação dos eleitores com os velhos representantes que estão aí e que já provaram não ter nada a mais a dizer nem a fazer. A corrupção é o nosso novo dragão, não duvide. A inflação será controlada, se não por este, por um novo governo. Mas, se não houver um choque de honestidade e transparência na gestão pública, tudo o que conquistamos estará a um fio. É hora de começar a pensar mais profundamente no seu voto.
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