PLANO PARA O MARAJÓ NÃO FOI IMPLANTADO, DIZ JADER
Antes mesmo que o Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD) sinalizasse a situação crítica de municípios do Marajó
quanto ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) - colocando, inclusive, o
município de Melgaço como o detentor do pior IDH do Brasil - o senador Jader
Barbalho (PMDB) solicitou informações à Casa Civil da Presidência da República
referentes à implantação do Plano de Desenvolvimento Territorial Sustentável do
Arquipélago do Marajó, lançado em 2006 pelo então presidente Luiz Inácio Lula
da Silva.
Passados seis anos do lançamento do plano, após a sua
inclusão no Plano Plurianual de 2008-2012 e com a perspectiva de que uma
comissão retorne ao Estado no próximo dia 23 para tratar do assunto, o senador
denuncia, a partir das informações oficiais recebidas este mês do gabinete da
ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, a praticamente ausência de
investimentos em áreas como saúde, educação e meio ambiente na região. Continue lendo...
P: O que lhe motivou a fazer esse pedido de informações
sobre o Plano de Desenvolvimento Sustentável do Marajó antes mesmo do anúncio
da presença de vários municípios marajoaras dentre os de menor IDH do país?
R: O Lula foi em 2006 e lançou o tal Plano de
Desenvolvimento Sustentável do Marajó em Breves. Em 2007, eles teriam concluído o plano.
Em 2008, esse plano foi incluído no PPA (Plano Plurianual) de 2008-2012. Seria
um amplo plano de recuperação da realidade marajoara. Fizeram um plano para a
Amazônia, um plano para o Nordeste e um plano sustentável para o Centro-Oeste e
no plano da Amazônia ficou colocado essa região do Marajó e uma região de
Carajás. Então, quando houve essa festa em Breves, onde foram entregues alguns
títulos de declaração de ocupação por parte do SPU (Secretaria do Patrimônio da
União), foi prometido esse Plano de Desenvolvimento Sustentável para o Marajó,
face a essa realidade dantesca que o Marajó atravessava. Lamentavelmente, as
coisas não aconteceram. Eu, então, resolvi centrar a minha ação parlamentar em
cima de indagar todas as promessas feitas à região Amazônica e,
particularmente, ao Estado do Pará. Neste caso, mesmo antes que o PNUD tivesse
declarado que grande parte dos municípios do Marajó estão entre os 50 piores
indicadores do Brasil e o último município sendo Melgaço, eu já tinha feito o
requerimento de informações em abril deste ano. Vieram, aqui no Estado,
técnicos do Ministério da Integração e lançaram, em uma reunião, dois projetos.
Um projeto para a ampliação de serviços de microssistemas de abastecimento de
água, na ordem de R$12 milhões, e um programa de ampliação da cadeia produtiva
de R$13 milhões para melhorar a produção de açaí, a produção de mandioca e
também a produção de leite no Marajó. (...) A essa altura, resolvi fazer o
pedido de informações porque, quando o Lula veio, esse programa foi lançado num
aparato de tal ordem interministerial que incluía onze ministérios, mais um
Grupo Gestor de acompanhamento que envolveria o Governo do Estado, envolveria
as prefeituras, entidades da sociedade civil e entidades comunitárias do Marajó
para gestar esse plano. Houve essa inclusão no PPA e eu, então, indaguei
ministério por ministério que ações eles haviam feito que recursos haviam sido
dispendidos por cada área, que projetos haviam sido executados. Reforcei o
pedido feito ainda em abril e, como o prazo estava esgotado, ameacei até de
crime de responsabilidade se não me entregassem. Como resultado, mandaram dados
de quatro ministérios, dados esparsos, meras informações, quer dizer, não é um
projeto acabado, são meras informações do que foi aplicado em saúde, o que foi
aplicado em educação, o que foi aplicado em meio ambiente e praticamente foi
aplicado zero. Se você pegar na área de saúde você vai verificar que todos os
investimentos que estão lá são zero, município por município. No caso da
educação, foram mantidos os mesmos programas já anteriormente existentes e
transferidos para o Estado. No caso do meio ambiente, foi transferido para a
Secretaria do Meio Ambiente do Estado, para que o Estado implementasse essa
coisa toda, então, não foi feito praticamente nada. Nós tivemos uma festa com a
presença do presidente da República e agora prometem que no dia 23 um grupo vai
voltar aqui como se fossem para recomeçar a implantação, depois de cerca de
seis anos. De 2007 para cá, esse grupo voltar a reunir, sendo que, de concreto,
a única coisa foi essa promessa dessa liberação de R$23 milhões. A nível de
energia, no Marajó, fizeram algumas ampliações do Luz Legal, sem indicar
absolutamente nenhuma repercussão de natureza econômica que isso pudesse
significar a nível de geração de renda, de geração de emprego, de
desenvolvimento da região.
P: Então não há ações de desenvolvimento, não é?
R: Nenhuma. Nesses programas tudo é zero. Na área de saúde,
quando você vai verificar hospitalização e leitos, há ausência do Governo
Federal, ausência do Governo Estadual e uma presença tímida, quase inexistente,
das prefeituras municipais que tiveram a saúde municipalizada pelo SUS (Sistema
Único de Saúde), que recebem aquele convênio com o SUS e nada mais do que isso.
Não se fez praticamente nada. Inexiste essa promessa a nível econômico de se
investir no açaí para melhorar a produção de açaí no Marajó, da mandioca e do
leite e pequenos microssistemas de abastecimento de água. Isso, na verdade, é
uma denúncia daquilo que já estamos cansados, que é o lançamento de programas
sempre com muita pirotecnia, mas que quando você vai conferir - como nós
estamos conferindo para saber quais são as ações que, na realidade, foram
implementadas - você verifica que não foi implementado praticamente nada em
relação à região. E o Comitê Gestor, que seria para acompanhar o projeto,
liderar o plano e verificar as ações ministeriais, praticamente inexiste até
hoje. Eu recebi as informações parcialmente, porque de onze ministérios vieram
apenas de quatro e, desses quatro, não havia nada de concreto. Nós temos uma
indiferença, uma omissão brutal do Governo Estadual que é ausente naquilo que
coube a ele, que seria o meio ambiente, a Secretaria de Integração Regional e
sobre o que também não existe absolutamente nada. De tudo o que foi prometido e
que foi festejado em 2006, a
única coisa que existiu foi a entrega que nem é de título definitivo, mas uma
declaração de ocupação para ribeirinhos do Marajó entregues pelo SPU.
P: Quais são as medidas que você pretende adotar agora?
R: Em primeiro lugar é a denúncia de que esse projeto não
foi absolutamente implementado e as ações que nós vamos ter que tomar são ações
que envolvam diversos agentes políticos. É preciso fazer não só pressão junto
ao Governo Federal, mas pressão até junto ao Ministério Público Federal em
relação a essas medidas que foram prometidas, mas não foram implementadas. Quer
dizer, é a ação política, é a mobilização da sociedade paraense que não pode,
absolutamente, se quedar diante desta realidade. Nós estamos cansados da
propaganda governamental e essa propaganda inclui o Governo Federal e o Governo
Estadual. Estamos cansados do lançamento de projetos, de programas como esse
que nós fomos aprofundar numa ação legislativa que eu considero que seja o
papel do legislador. O papel do legislador não é para ir para a tribuna do
Senado apenas protestar, eu tenho que ir para a tribuna para fazer como eu
estou fazendo, exigir que nos mandem em documentos, por escrito, para que possamos
tomar as providências adequadas e tenhamos material oficial nas mãos para
mostrar o que está acontecendo, qual é a realidade. Porque, para todos os
efeitos, de 2008 a
2012, isso foi incluído no Plano Plurianual, agora, dia 23, vem uma comissão
aqui para dizer o que para nós? Que vão recomeçar o que eles não fizeram?(...)
Inclusive, eu estou sabendo que nesta área da agricultura, no Estado do Pará,
nem esses recursos podem ser recebidos porque o Estado está com o problema com
a falta de prestação de contas de verbas anteriores e o governo não conseguiu
liberar o Estado do Pará, até agora, para receber estes recursos que são
voltados para melhorar a produção do açaí no Marajó, melhorar o plantio de
mandioca e melhorar a questão do leite (...). O Marajó empobrece cada vez mais,
chegando a essa vergonha nacional de nós termos o município mais pobre do
Brasil, Melgaço (...). Me cabe, como representante do Pará no Senado, levantar
questões desta natureza para denunciar, tentar modificar isso e cobrar.
P: Você acha que se já tivesse sido aplicado esse plano o
Marajó teria outra realidade hoje?
R: Eu não tenho dúvida nenhuma. São passados mais de seis
anos. Se esse projeto fosse um projeto efetivamente executado, nós teríamos
mudado, seguramente, o Marajó no campo da energia, no campo do abastecimento de
água, na questão da saúde pública, na questão da educação. A educação não
alterou em nada. São
os mesmos projetos mantidos, entregues ao Estado, mais nada. Não há,
absolutamente, nenhuma coisa inovadora em matéria de educação e em matéria de
saúde pública, inclusive, programas nacionais que aí estão, todos os recursos
são zero, todas as informações são de zero, zero de recursos em cada programa.
Só se verifica um único registro a nível de saúde que é o de alguns exames de
Papanicolau. E a nível de leitos, no Marajó, inexiste a presença do Governo
Federal, inexiste a presença do Governo Estadual em toda a região e existem
algumas ações municipais graças a repasses do SUS. Alguns municípios,
seguramente, conseguiram municipalizar a saúde, recebem recursos do SUS, mas
não há a estrutura de leitos, de equipamentos.
P: Você acredita que a responsabilidade dessa questão o
IDH do Marajó é do Governo Federal?
R: Não só do Governo Federal, mas do Governo Federal e do
Governo Estadual, até porque, neste projeto, várias das atividades são
delegadas desde 2007 ao governo do Estado. A área de meio ambiente, a área de
educação, a área da integração, do acompanhamento, quer dizer, há uma omissão
por parte do Governo do Estado, afinal o Governo do Estado existe como o
principal ente governamental. Tem ele a obrigação de acompanhar projetos do
Governo Federal, o que ocorre no Estado e, principalmente, projetos como este
onde ele tem participação. No campo do meio ambiente o que foi feito aqui? A
Secretaria do Meio Ambiente é uma das secretarias, segundo todas as notícias,
que é um dos maiores entraves dentro do Estado do Pará. Uma secretaria que não
evoluiu, que não se modernizou, que não cuidou de descentralizar, de preparar
técnicos e descentralizar, inclusive, a questão do meio ambiente. Os municípios
não têm secretaria de meio ambiente, a maioria dos municípios do Estado do Pará
não tem um técnico na área do meio ambiente, aliás, o que se comenta é que não
existe técnico para dar respostas na capital, em Belém, para projetos na área
do meio ambiente. Esta é a realidade que aí está. Aí nós assistimos no Marajó,
sem absolutamente nenhuma postura preconceituosa e nem contrário à ação, a
única coisa que o Governo do Estado está fazendo, que são cirurgias de catarata
e distribuição de óculos no Marajó (...). No caso do Pará, só existem dois
projetos de desenvolvimento sustentável no Estado junto com o Governo Federal,
o Programa Nacional de Projetos de Desenvolvimento Sustentável que seriam para
o Marajó e para Carajás. Mais do que nunca o governo do Estado não pode lavar
as mãos dizendo que foi um projeto lançado pelo Governo Federal. O nosso
representante administrativo maior no Estado do Pará é o governo do Estado do
Pará. Mesmo em programas do Governo Federal ele tem que acompanhar, cobrar, se
posicionar politicamente e se articular seja com a classe política, seja com a
empresarial, seja com os prefeitos, seja com a universidade, seja com as
entidades da sociedade civil.
P: Você acredita que o nome do Marajó foi usado pra
propaganda política?
R: Eu não vou dizer que fomos usados. O que eu vou dizer é
que os governos, de um modo geral, se contentam em iludir a população com o
lançamento de programas que merecem uma publicidade pirotécnica e, seguramente,
custosa em recursos públicos e depois esses programas não são acompanhados, não
são implementados, não são realizados e ficam como mais um programa, mais um
projeto que serviu apenas para publicidade governamental. (Diário do Pará)
1 comentários:
Rosane Brito
Eu hesitei em postar a respeito disto,
mas FELIZmente a revolta me motivou
o suficiente. O meu objetivo é
mobilizar o maior números de
curtidas e/ ou comentários. Então,
caro Facebook vou lhe dizer o que
estou pensando agora.
Penso que a função de um
fisioterapeuta vai muito além de fazer
massagens, é dom de recuperar vidas
e renovar as esperanças de quem
havia sido ''despachado'' pelos
médicos (...). Na teoria todos podem
até saber de tudo isso, mas para ser
de fato um fisioterapeuta,
primeiramente, deve- se concluir
cinco anos de estudo teórico/ prático
dentro de uma instituicao de ensino,
eis aqui a grande questão. Muito
prazer, sou estudante do citado
curso, escrevo em meu nome mas me
permito ser a porta voz de uma
turma de 26 discentes. Há um ano,
constava na grade curricular do curso
que seria ministrada a disciplina de
Fisioterapia nas disfunções
Cardiovasculares, apenas constava,
porém não tivemos a matéria porque
não tínhamos professor do quadro
permanente, nem do quadro
temporário da UNIVERSIDADE DO
ESTADO DO PARÁ. Questionamos, mas
o problema não foi sanado e
concluímos aquele segundo semestre
2012. O fato é que os problemas
relacionados a isso continuam até
agora. Semestre que passou
deveríamos ter tido a disciplina de
Fisioterapia na saúde da mulher, mas
a mesma não foi de fato realizada, o
que houve foi que alguns professores
fizeram a ''caridade'' de ceder seus
tempos para ministrar oficinas sobre
alguns temas, mas a matéria não foi
dada, que fique bem claro.
Atualmente, nos encontramos com
três disciplinas com pendência, as
duas citadas anteriormente e mais
estágio em saúde da mulher que
pertence a esse semestre, já vigente
desde 12/08/2013. Detalhe, estamos
no último semestre do quarto ano, só
formaremos (ano que vem?) ao passo
que todas as disciplinas estiverem
sido ofertadas e os alunos as tiverem
concluídas. Não aceito mais sermos
tratados de qualquer maneira,
representamos apenas a forca de voto
para se eleger um novo reitor? Onde
ficam os nossos direitos como alunos?
Para finalizar, caro facebook, foi
realizado um processo simplificado
para recrutar professores para ocupar
essas falhas existentes. O fato é que
nenhum professor alcançou a
pontuação exigida no edital. Vale
ressaltar que nós temos, sim,
professores capacitados e de
formação em excelência, porém por
questões burocráticas de cunho
administrativo pré- estabelecidos os
tais professores não podem mais
ministrar aulas, em decorrência de
serem temporários e prazo já ter
vencido e os mesmos já não
possuírem vinculo com a UEPA. Qual
solução será dada a tudo isso
Magnífico Reitor?
# Prontofalei
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