CONSCIÊNCIA DO CONSUMIDOR BRASILEIRO TEM AUMENTADO, DIZ
COORDENADOR DO IDEC
Heloisa Cristaldo - Repórter da Agência Brasil
Brasília – Desde o pronunciamento do presidente
norte-americano John Kennedy, em 15 de março de 1962, a data tem sido
referência para os direitos do consumidor em todo o mundo. Na ocasião, Kennedy
defendeu quatro direitos fundamentais dos consumidores: à segurança, à
informação, à escolha e a ser ouvido. Vinte e três anos depois, a Assembleia
Geral das Nações Unidas (ONU) adotou os direitos do consumidor como diretrizes
das Nações Unidas, instituindo o Dia Mundial dos Direitos do Consumidor,
comemorado hoje (15).
Em, entrevista à Agência Brasil, o coordenador
executivo do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Fulvio
Gianella Júnior, disse que o nível de consciência do brasileiro sobre os seus
direitos como consumidor tem crescido nos últimos anos. Hoje, além de buscar
mais os institutos de defesa, ele tem procurado diretamente os fornecedores.
“Podemos reparar que aumentou o grau de pessoas reclamando
seus direitos, como se vê nos rankings do Procon, do Sindec [Sistema
Nacional de Informações de Defesa do Consumidor]. Essa situação mostra duas
coisas: os consumidores estão mais conscientes e reclamando mais seus
direitos”.
Em 2012, 2,03 milhões de consumidores foram atendidos nas
unidades do Procon, distribuídos em 292 cidades do país. De acordo com o
Sindec, essa quantidade representa um aumento de 19,7% em relação a 2011,
quando 1,6 milhão de consumidores recorreram ao sistema. Continue lendo...
A telefonia celular foi o serviço com mais reclamações nos
Procons (9,17%), seguido por bancos comerciais (9,02%), pelos cartões de
crédito (8,23%), pela telefonia fixa (6,68%) e pelas financeiras (5,17%). O
setor com maior demanda foi o financeiro (banco comercial, cartão de crédito,
financeiras e cartão de loja), com 23,85%. Com o ranking dos procons,
também foi possível constatar um aumento de demandas no setor de
telecomunicações (telefonia celular, telefonia fixa, TV por assinatura e
internet), que saltou de 17,46% em 2011, para 21,7% dos registros em 2012.
Fulvio Gianella Júnior destacou a preocupação das entidades
de defesa do consumidor com a ascensão de milhões de brasileiros à classe C, o
que gerou maior possibilidade de consumo. “Nos últimos dez anos, 30 a 40 milhões de pessoas
aumentaram sua capacidade de consumo. Essa é uma grande preocupação, porque são
pessoas que antes consumiam pouco e passaram a ter um poder aquisitivo maior”.
Gianella Júnior lembrou que esse novo consumidor vai ao
mercado querendo consumir outros bens a que não tinha acesso, o que pode levar
a uma compra pouco consciente. “Primeiro, porque elas não têm tantas
informações a respeito de seus direitos e são até vítimas de práticas abusivas
pelo mercado”, explicou.
Segundo o coordenador, o brasileiro é o tempo todo
bombardeado pela sociedade de consumo, desde a infância. “'Compre isso', 'Isso
é importante', 'Você só é cidadão se consumir tal coisa'. Isso está sendo
introjetado nas pessoas. A partir do momento em que tem condições de alentar
sua necessidade de consumo, muitas vezes o faz sem nenhuma consciência crítica
e aí causa uma série de problemas, como o superendividamento e o
comprometimento da renda familiar. Além disso, crianças desde cedo já são
submetidas [ao apelo para consumir]”.
Entre as maiores queixas dos consumidores estão as compras
em comércio eletrônico. De acordo com Gianella, muitos problemas enfrentados
pelos cidadãos já estão previstos no Código de Defesa do Consumidor.
Dados do site Reclame Aqui mostram que até
fevereiro deste ano o sistema registrou 346.469 reclamações, um crescimento de
35% em relação ao mesmo período do ano passado. Os setores com mais queixas
foram os das lojas virtuais,de telefonia, fabricantes de eletrodomésticos,
compras coletivas, TV e TV por assinatura, bancos e financeiras, cartão de
crédito e lojas de departamento.
“Recomendo que sempre se verifique a idoneidade da loja
virtual [na qual] você vai comprar. Considere se ela tem uma loja física, veja
se tem contatos para resolver problemas. Verifique em redes sociais as
reclamações feitas sobre a loja para ter certeza se ela já teve problemas com
outros consumidores. É necessário tomar alguns cuidados”, orienta Gianella. (Edição:
Tereza Barbosa)
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