Foto: Bruno Carachesti/Diário do Pará
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MENINA DE 4 ANOS NÃO CONSEGUE LEITO NA UTI
Um misto de impotência, revolta e desespero. Assim pode ser
descrito o motivo das lágrimas de Marilene Freitas e Maciel Ferreira, ambos de
25 anos. Eles são os pais de Laiane Freitas Ferreira, quatro anos, internada
desde a última terça-feira (23) no Hospital Regional Abelardo Santos (HRAS).
A menina está em estado grave por causa de uma infecção
bacteriológica generalizada e precisa urgente de leito de Unidade de Terapia
Intensiva (UTI) pediátrica. Laiane já deveria ter sido transferida do Abelardo
Santos, mas não consegue vaga disponível na Central de Leitos do município. Em
uma corrida contra o tempo, os pais já protocolaram ações no Ministério Público
do Estado (MPE) e não sabem mais a quem recorrer para ajudar a filha.
Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado de
Saúde Pública (Sespa), Laiane foi internada no Abelardo Santos na terça-feira
(23) com quadro clínico compatível ao de meningococcemia aguda em estado
gravíssimo. Marilene, mãe da criança, conta que os médicos estão fazendo o que podem
para tentar melhorar o quadro da menina.
“Eles estão sendo atenciosos, mas não podem fazer muita
coisa aqui porque não há recursos. Não tem outro jeito, ela tem que ser
transferida logo. A cada hora que passa, a infecção fica pior”, diz angustiada. Continue lendo...
“Pelo amor de Deus, a gente está implorando para que ajudem
a salvar a vida da minha filha”, desabafa o pai de Laiane. Bastante emocionado,
Maciel consegue falar pouca coisa no meio do choro compulsivo. De dentro do
Abelardo Santos, na tarde de ontem, a cunhada que acompanhava a criança havia
acabado de informá-lo que a febre da menina voltara. Laiane encontra-se
entubada com ventilação mecânica e está sendo monitorada 24 horas por uma
equipe do hospital.
JUSTIÇA
Na última quinta-feira (25), os pais da menina foram até o
MPE protocolar pedido de abertura de ação civil pública para tentar garantir,
através da Justiça, um leito para a filha. Ontem, eles retornaram ao Ministério
Público, mas dizem que se sentem frustrados pela espera necessária para que o
caso seja apreciado por um juiz. Regivaldo de Oliveira, 40 anos, tio da menina,
está inconformado com o sofrimento pelo qual a sobrinha está passando. “Não é
justo uma criança de quatro anos passar por uma situação dessas. Nenhum
hospital quer assumir a responsabilidade e a menina tá morrendo aí dentro”,
protesta.
A assessoria de imprensa da Sespa diz que o Abelardo Santos
está em contato diário com a Central de Leitos em busca de uma vaga para
Laiane. A Sespa informa ainda que é de responsabilidade e competência da
Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) gerir e disponibilizar à população os
leitos da Central. No último dia 8 de julho, a paciente de 44 anos Tânia Maria
dos Santos Vale, que aguardava um leito de UTI desde o dia 29 de maio, morreu
no Hospital Santa Clara, no bairro do Marco, sem ter a solicitação atendida.
A Sesma informou que Laiane está cadastrada na Central de
Leitos e que a secretaria entrou em contato “com a Fundação Santa Casa e o
Hospital de Clínicas Gaspar Vianna, que contam com leitos de Unidade de Terapia
Intensiva (UTI) pediátrica, mas os dois hospitais informaram que não têm vagas
disponíveis”. Segundo a Sesma, dos 49 leitos contratados pelo prefeito Zenaldo
Coutinho na rede particular, no início de julho, todos encontram-se em pleno
atendimento. (Diário do Pará)
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