Cuba tenta sinalizar para o mundo que encara seriamente suas
mudanças; ainda assim, riscos persistem
Por Lílian Sobral
São Paulo – O mundo todo observa de perto a viagem de uma
blogueira. Yoani Sánchez, a cubana por trás do blog Generación Y, chegou
ao Brasil. Seria uma passageira como outra qualquer, não fosse o fato de ter
tentado sair de Cuba cerca de 20 vezes nos cinco anos anteriores à sua
entrada num avião.
A viagem de Yoani só é possível porque entrou em vigor no
início deste ano uma lei que permite que cubanos (ou pelo menos a maioria
deles) deixem o país sem autorização do governo. A mudança é parte de uma série
de novas regras estabelecidas por Raúl Castro, que completa neste mês cinco
anos como presidente do país no lugar de seu irmão, Fidel Castro.
“O governo de Cuba não criou nenhum empecilho adicional para
a saída de Yoani e isso sinaliza que essas mudanças são mais condizentes e mais
sérias do que os críticos diziam que eram”, analisa Denilde Oliveira
Holzhacker, professora do curso de Relações Internacionais da ESPM.
Embora seja um sinal positivo, a viagem da blogueira tem que
ser vista com cuidado por dois motivos, como lembra a professora.
Em primeiro lugar, a pressão internacional sobre o caso é
muito grande há anos. Tanto que até o último minuto ainda existiam dúvidas
sobre o sucesso da blogueira ao tentar sair do país. Mas, em geral, ainda é
difícil deixar Cuba.
Segundo porque embora dê uma sinalização da vontade do país
em mudar, não existe uma estabilidade garantida nessa nova fase. A qualquer
momento, novas regras podem surgir no país, seja para abrir ou fechar mais as
portas cubanas.
Por que Cuba quer mudar?
Cuba continua querendo o capital, e não o capitalismo. Mais
ou menos como faz a China, que com um regime político fechado e forte controle
social, consegue se destacar no ranking dos PIBs mundiais. Cuba, porém, não
consegue o capital, e precisa fazer algo para mudar isso. (Exame.com)
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