Denise Rothenburg é Jornalista, formada pela UnB, já
trabalhou na Folha de S.Paulo e em O GLOBO e agora no Correio Braziliense.
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A oposição se zangou e não foi para menos. É dever do governo e da sociedade
como um todo trabalhar em prol da melhoria das condições de vida para todos os
brasileiros. Mas convém fazer isso como instrumento social, e não partidário.
Ontem, o senador Aloysio Nunes Ferreira, líder do PSDB no Senado, lembrou por
exemplo, que os números caminham ao sabor do vento dentro do governo. Primeiro,
foram 36 milhões retirados da pobreza no governo Lula. O IBGE identificou 16,2
milhões na pobreza extrema, que foram contemplados com o programa Brasil Sem
Miséria. Só aí seriam 52,2 milhões. Agora, vêm mais 2,5 milhões para inclusão
no programa. A ideia é garantir um mínimo de R$ 70 para cada brasileiro.
Ou seja, quanto mais o governo acaba com a pobreza, mais pobres aparecem para que novos programas — ou ampliações dos já existentes — sejam anunciados. Especialmente esse de ontem, na boca do caixa eleitoral, ou seja, da festa do PT para comemorar seus 10 ano de governo e apagar as velinhas pelos 33 anos do partido. Não por acaso, o pré-candidato a presidente pelo PSDB, Aécio Neves, irá à tribuna do Senado fazer seu pronunciamento. Não quer deixar essa grande tacada petista solta, sem um contraponto.
Quer a oposição goste ou não, os petistas têm hoje a faca e o queijo na mão para usar ao seu bel prazer. Assim como o governo Sarney postergou os ajustes no Plano Cruzado — e Fernando Henrique Cardoso assinou as primeiras cédulas de real quando ainda era ministro da Fazenda —, o governo Dilma-Lula amplia o Bolsa Família ou aumenta seus valores de forma a cair como uma luva justamente no mês do aniversário do partido. Continue lendo...
Os programas sociais do governo formam a principal arma eleitoral do PT nesse
momento em que a inflação bate à porta da nova classe média. Se a inflação
tirar alguns votos, avaliam os próprios petistas em conversas reservadas, a
classe mais pobre compensará essa perda.Ou seja, quanto mais o governo acaba com a pobreza, mais pobres aparecem para que novos programas — ou ampliações dos já existentes — sejam anunciados. Especialmente esse de ontem, na boca do caixa eleitoral, ou seja, da festa do PT para comemorar seus 10 ano de governo e apagar as velinhas pelos 33 anos do partido. Não por acaso, o pré-candidato a presidente pelo PSDB, Aécio Neves, irá à tribuna do Senado fazer seu pronunciamento. Não quer deixar essa grande tacada petista solta, sem um contraponto.
Quer a oposição goste ou não, os petistas têm hoje a faca e o queijo na mão para usar ao seu bel prazer. Assim como o governo Sarney postergou os ajustes no Plano Cruzado — e Fernando Henrique Cardoso assinou as primeiras cédulas de real quando ainda era ministro da Fazenda —, o governo Dilma-Lula amplia o Bolsa Família ou aumenta seus valores de forma a cair como uma luva justamente no mês do aniversário do partido. Continue lendo...
Enquanto isso, nos demais ministérios…
A fórmula política do partido de Lula e de Dilma não termina nos programas sociais. Nos ministérios, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) está todo nas mãos do partido. Quem for ao Ministério das Cidades (capitaneado pelo PP) ou ao da Integração Nacional (seara do PSB de Eduardo Campos) terá poucas chances de conseguir emplacar alguma emenda no PAC. Isso porque os limites de liberação quem dá é a ministra do Planejamento, Miriam Belchior. E a autorização para empenhar os recursos em favor da emenda do deputado A ou B quem fornece é o gabinete da ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti. Os demais programas importantes, caso das concessões de aeroportos, rodovias, ferrovias e o que mais chegar, são da seara do Gabinete Civil, onde despacha a ministra Gleisi Hoffmann. Ou seja, as meninas de Dilma controlam tudo. Em outras palavras, a presidente controla tudo.
Diante de tanto controle, os partidos que não querem perder o pequeno espaço de poder ficam por ali, gravitando em torno do Planalto, obedientes aos ditames presidenciais porque sabem que, sem o aval desse grupo de ministras, não há recursos para as bases eleitorais. E sem recursos para as bases eleitorais, os deputados terminam descartados pelos prefeitos que os apoiam. Ou seja, o grau de dependência impede rebeliões explícitas na maioria dos casos. Além disso, serve para segurar a migração de apoios para os oposicionistas ou limitar a ação daqueles da própria base que desejam alçar voo próprio, leia-se o governador de Pernambuco, Eduardo Campos. E se hoje as agendas do Executivo se ajustam às do partido e vice-versa, os integrantes da base aliada não têm dúvidas de que, daqui em diante, será daí para pior. É o “wei qi” de que falamos aqui outro dia: vale tudo para cercar os adversários e impedir que eles caminhem pelo tabuleiro. Por enquanto, Dilma tem a vantagem. Mas o jogo está mal começando.
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