Francisco Souza emprestou todo o seu talento para criar as
colunas da primeira mesquita de Manaus, no Centro – foto: Hudson Fonseca
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ARQUITETURA ISLÂMICA TEM MÃOS DA ARTE DE PARINTINS
Conhecidos pela criatividade, artistas de Parintins deixaram
sua marca para tornar realidade em Manaus a milenar arte islâmica que chama a
atenção por quem passa pela rua Ramos Ferreira, no Centro, onde está a primeira
mesquita da capital amazonense.
Herdeira de uma civilização milenar que desenvolveu a
arquitetura desde os seus primórdios há 14 séculos, a comunidade muçulmana do
Amazonas buscou a técnica parintinense, que dá vida a um dos maiores festivais folclóricos
do mundo, para construir suas colunas com curvas no topo de formato oriental na
área central da cidade.
Com experiência de 14 anos de festival, Francisco Lúcio
Pinto de Souza, 38, afirma que precisou pesquisar bastante antes de criar as
cinco colunas que “dão as boas vindas” para quem visita a mesquita. “Verifiquei
em livros e em quadros islâmicos e gostei da modernidade da arquitetura
muçulmana. Agradeço a confiança que me deram para fazer a obra”, enfatiza.
Segundo o artista, ele levou quatro dias para finalizar cada
coluna, que é feita de ferro, cimento e concreto, além da criatividade
parintinense. “Foi prazeroso fazer esse trabalho, pois já dominava a técnica da
ferragem. Na parte superior, usei tela e lycra para dar o formato de bola com curvas”,
conta.
O trabalho bem feito acabou atraindo admiradores, em
especial, por parte dos profissionais de arquitetura. “Vários arquitetos já
apareceram para buscar informações”, frisa o artista.
Para o diretor do Centro Islâmico do Amazonas, Walid Saleh,
o “toque” parintinense contribuiu para destacar a arquitetura muçulmana na
região. “Ficamos surpresos com a criatividade dele quando debatemos o assunto e
mostramos que queríamos fazer uma obra com curvas para alguém que só conhecia
da arquitetura ocidental. Foi um orgulho para nós que um legítimo artista de
Parintins deixasse sua contribuição na construção da mesquita”, salienta.
Perfil
Francisco Souza começou a trabalhar no festival de Parintins
em 1997, no Boi Caprichoso, onde atuou na parte de robótica, dando vida aos movimentos
das alegorias. No boi azul, ele ficou até 2005, quando mudou para o “contrário”
Garantido, permanecendo na agremiação até 2011, período em que mudou em
definitivo com a família para trabalhar em Manaus. “Meu principal trabalho foi
ter dado vida ao ‘Bicho Folharal’, de onde saía a cunhã-poranga”, fala, em
referência da alegoria que trata de uma figura cheia de folhas do folclore da
região, apresentada no festival de 2003. (Em Tempo)
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