MANIFESTANTES VOLTAM ÀS RUAS CONTRA PASTOR NA COMISSÃO DE
DIREITOS HUMANOS
Protestos aconteceram em Copacabana, no Rio, e no Centro de
São Paulo
RIO - Cerca de 300 pessoas se reuniram na tarde deste
sábado, em Copacabana, num protesto contra o pastor Marcos Feliciano (PSC-SP)
na presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara. Carregando cartazes
de repúdio ao deputado, e ao som do grupo de maracatu e candomblé Tambores do
Olokun, os manifestantes saíram do Posto 5 da Praia de Copacabana em direção ao
Posto 2, na altura do Hotel Copacabana Palace. Duas das três faixas de
rolamento da Avenida Atlântica, no sentido Leme, foram interditadas. Em São
Paulo, a manifestação reuniu 500 pessoas que fecharam três pistas da Avenida
Consolação, no Centro, e seguiram até a Praça Roosevelt.
Representantes de vários grupos religiosos e de direitos dos
negros e dos homossexuais participaram dos atos. O pastor responde a processo
no supremo Tribunal Federal por homofobia e estelionato. Ele ficou conhecido
por declarações polêmicas sobre negros e homossexuais. Marcos Feliciano já
declarou que o amor entre pessoas do mesmo sexo leva ao ódio, ao crime e à
rejeição. E em 2011, criou polêmica ao escrever no Twitter que "os
africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé" e que essa maldição
é que explica o "paganismo, o ocultismo, misérias e doenças como
ebola" na África.
No Rio de Janeiro, Julio Moreira, presidente do grupo
Arco-Íris, disse que o Congresso precisa perceber a indignação popular: Leia mais...
— Não adianta os políticos fecharem os olhos. Quando
personalidades como Xuxa se posicionam, é porque é grande o barulho e o povo
precisa ser ouvido.
Ele ressaltou que o Brasil é um país laico, e a religião não
pode se confundir com a política:
— Não dá para um pastor pregar dentro do Congresso. Se o
Brasil quer ser uma grande potência, não pode ir na contramão da História —
disse ele, citando Argentina, Uruguai e Equador como países que já avançaram na
concessão de direitos aos homossexuais.
O professor Angelo Pereira também estava entre os
manifestantes:
— Fiz questão de vir porque sou totalmente contra a
nomeação. Sou gay, ateu e tenho um filho adotivo negro. A minha família é
totalmente contra o que o Feliciano defende. Ele não me representa.
Já na reta final da passeata, quando os protestantes se
aproximavam do Copacabana Palace, policiais militares do 19º BPM (Copacabana)
procuravam pelos organizadores, afirmando que o grupo não tinha autorzação para
ocupar a via. O movimento, entretanto, seguiu até o fim sem impedimento das
autoridades. O estudante Fabrício Silva afirmou que um ofício foi enviado ao
batalhão por advogados que representavam o grupo, mas eles não receberam
retorno.
Embaixadora do movimento Femen no Brasil, Sara Winter também
esteve na manifestação, e destacou a importância de uma representante o grupo:
— Uma de nós precisava estar aqui. É uma vergonha nacional
que o deputado Feliciano ocupe este cargo, ele subverte os Direitos Humanos.
Em São Paulo, protesto reuniu 500 pessoas
Em São Paulo, os manifestantes entoaram gritos de guerra
como “eu amo homem / amo mulher / tenho o direito de amar quem eu quiser”, e
“fora Feliciano”. Cartazes produzidos por integrantes de movimentos em defesa
de gays, lésbicas e simpatizantes se misturavam a manifestações de partidos
como o PSTU e o PSOL, além de mensagens do movimento negro e em defesa do
Estado laico.
— Que direito ele tem de ser contra o direito dos outros?
Como uma pessoa preconceituosa pode ser indicada para tratar do preconceito
contra pessoas na Comissão de Direitos Humanos? — perguntava o estudante de
publicidade João Paulo Rosa, de 17 anos, enquanto distribuía panfletos com
frases atribuídas a Feliciano. Ele pedia às pessoas que registrassem
reclamações sobre a escolha de Feliciano na Ouvidoria da Câmara pelo telefone
0800 619 619.
Defensor do projeto de lei que criminaliza a homofobia e a
equipa aos crimes de racismo, o aposentado Marcos Morcef, de 55 anos, colava
adesivos com as cores do arco íris nos participantes. Mesmo participando da
manifestação, para ele a batalha pela presidência da Comissão de Direitos
Humanos estaria perdida, porque mesmo que Feliciano visse a deixar o cargo,
outro político do PSC poderia vir a ser indicado.
— Não haveria quadro realmente comprometido com os direitos
humanos neste partido — opinou o aposentado.
Para ele, este é o momento de "mobilizar os deputados
para que a Frente Parlamentar de Defesa dos Direitos Humanos seja fortalecida e
consiga influir na aprovação de projetos importantes para o país".
Programador, Gunthe Alexander, de 31 anos, disse não ver
como se evitar a polarização e o embate com o deputado do PSC, por causa do
posicionamento público do parlamentar em relação a temas que são objeto de
análise na Comissão, como o debate sobre a homofobia.
— Você não pode colocar uma raposa para cuidar do
galinheiro. A bancada evangélica se articulou para ocupar um espaço que é muito
importante. Quem terá acesso a este quórum? Será tratado de forma justa? Será
tratado com tolerância? — perguntou o jovem. (O Globo País)
1 comentários:
Daqui ha pouco ser hetero vai ser crime, todo cuidado é pouco pra não por o nosso _ _ na reta! Pastor Feliciano me representa!
Postar um comentário