terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

DENÚNCIAS DE NOTAS FRIAS CONTRA O PASTOR DIVINO, CHEGAM NO PGJ

PGJ RECEBE DENÚNCIAS CONTRA O PASTOR DIVINO, QUE NEGA IRREGULARIDADES 
A Procuradoria Geral de Justiça (PGJ) recebeu ontem um relatório sobre infrações que teriam sido cometidas pelo deputado estadual Divino dos Santos (PRB), o Pastor Divino. A apuração foi feita pelo promotor de justiça criminal Arnaldo Azevedo. Divino, que tem foro privilegiado por ser deputado, é acusado de usar notas fiscais frias, no total de R$ 10 mil, na prestação de contas da verba de gabinete.
Essa verba, totalizada em R$ 15 mil, pode ser usada apenas para pagar despesas do trabalho parlamentar. Mas, de acordo com o relatório, o deputado também usou o dinheiro para viajar aos Lençóis Maranhenses e pagar a mensalidade da TV a cabo com canal adulto da própria residência. Esta semana, Azevedo informou que enviará à PGJ outra acusação contra Divino: a filmagem de uma ex-assessora na qual Divino exigiria 1/3 do salário dela. O deputado nega todas as acusações.
Todos os meses, cada deputado recebe R$ 15 mil de verba de gabinete para custear despesas de trabalho. Azevedo informou que constatou duas notas fiscais frias de serviços gráficos, dentre a prestação de contas da verba de gabinete de Divino, sendo uma de R$ 3 mil e outra e R$ 7 mil. Em depoimento prestado ao Ministério Público do Estado (MPE), a dona da gráfica, Susi Anny Henrique, disse que a empresa nunca funcionou efetivamente e que após abri-la, passou uma procuração para Carla Noeli, contadora de Divino, responsável pela prestação de contas do deputado. "Ela (Susi Anny) diz que esse dinheiro nunca integrou o patrimônio dela. Os serviços gráficos nunca foram prestados", aponta o promotor.
Defesa - Procurado pela reportagem, Divino disse que todos os serviços gráficos pagos foram realizados, pois costuma imprimir informativos do mandato e também do trabalho dele à frente da Comissão Antidrogas da Assembleia Legislativa do Pará (Alepa). A contadora Carla Noeli já foi ouvida pelo MPE em depoimento sobre o convênio firmado entre a Alepa e a Associação Beneficente Fé para Mudar, a pedido de Divino, dentro da investigação sobre todos os convênios firmados pelo Legislativo com diversas instituições. Essa apuração ainda está em andamento. Continue lendo...
Viagem – A viagem ao município de Barreirinha, nos Lençóis Maranhenses, ocorreu em 8 de dezembro de 2011, que é feriado nacional por ser o Dia de Nossa Senhora da Conceição. As notas fiscais da despesa da viagem, incluindo hospedagem em resort, abastecimento de combustível de veículo e passagens aéreas, somam cerca de R$ 3 mil, e também foram pagas com verba de gabinete, de acordo com o promotor.
"A viagem não foi a trabalho. O que ele (deputado) foi fazer nos Lençóis Maranhenses de interesse do Legislativo Estadual?", questiona Azevedo. A fatura de uma mensalidade de assinatura de TV a cabo também consta na prestação de contas de Divino, destaca Azevedo. "Embora seja permitido (pagar assinatura de TV a cabo com verba de gabinete), o Ato 68 da Mesa Diretora da Assembleia não permite a instalação de TV a cabo que não seja exclusivamente para fim de atividade parlamentar", informa o promotor.
Deputado estadual defende viagem ao Maranhão e TV a cabo
O deputado estadual Pastor Divino disse que viajou para ver de perto "o beneficiamento do minério paraense no Maranhão. O produto é exportado por meio do Porto de Itaqui. "Isso já foi esclarecido ao Ministério Público. O ato da Mesa dá direito ao deputado viajar a serviço parlamentar, pagando a passagem e a hospedagem. Não define onde pode se hospedar. Eu estava próximo ao local (Lençóis) e nem sabia que era turístico. Pedi o ressarcimento porque é permitido", afirma.
Em relação à assinatura de TV a cabo, o deputado alegou que possuía um escritório em casa, onde também trabalhava, porque o gabinete parlamentar é pequeno. "A TV a cabo também é permitida pelo ato da Mesa. Contratei um pacote (da TV) que veio o canal adulto embutido, mas eu nunca entrei, nunca assisti. Nem sei o código para acessar. Tem um canal particular de sexo pago pela Assembleia, tão usando isso para criar um fato", defende-se.
Ex-assessora - O promotor de justiça criminal Arnaldo Azevedo informa que a ex-assessora formalizou a queixa no MPE, dando conta de que, todos os meses, era exigida a contribuição de cerca de um terço do salário aproximado de R$ 3 mil para entregar ao deputado. O deputado também nega essa acusação. Ele alega que alguns assessores do seu gabinete dão contribuições voluntárias ao Partido Republicano Brasileiro (PRB). Ele não soube informar quanto os assessores doam. "Não sou eu que recebo esse valor. Ninguém é obrigado a doar. Eles (assessores) depositam na conta do partido", diz Divino.
Ação - As informações serão analisadas pelo procurador-geral de Justiça, Eduardo Barletta, que decidirá pelo ajuizamento ou não de uma ação criminal contra o parlamentar. Paralelamente, as mesmas informações foram repassadas ao promotor de justiça Nelson Medrado, que poderá interpor uma ação de improbidade administrativa contra Divino, pelos mesmos motivos. (Amazônia – ORM)

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