Luiz Garcia nasceu no Rio de Janeiro, em 1936 é jornalista, editor
de Opinião e colunista do jornal O Globo.
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Quem manda no governo — em qualquer governo, em qualquer
país — costuma dormir, mais tranquilo do que merece, com a certeza de que a
opinião pública tem memória curta. Temos exemplo disso na resposta de governos
estaduais e prefeituras, dois meses atrás, às manifestações de jovens em
diversas cidades — com apoio visível da opinião pública em geral — sobre a
baixa qualidade e os relativamente altos preços das passagens nos transportes
públicos em geral.
O comportamento dos manifestantes — com inevitáveis excessos aqui e ali, alguns até graves — foi, digamos assim, perto de exemplar. E eles receberam a resposta que mereciam da opinião pública. Ou seja, apoio incondicional. Principalmente porque suas reivindicações, uma vez atendidas, beneficiariam cidadãos de todas as idades.
Os moços voltaram para casa abençoados pelos mais velhos. E com a promessa do poder público de que tomaria as providências necessárias para atender suas reivindicações, tanto justas quanto óbvias. E os jovens, que não são, graças a Deus, tão cínicos quanto os mais velhos, acreditaram em tudo.
E os dois meses que se seguiram foram tempo suficiente para provar, aos jovens das ruas e aos mais velhos que os aplaudiram, que os homens públicos (de quase todos os países, vamos reconhecer) são ágeis como coelhos para fazer promessas e lentos como tartarugas na hora de cumpri-las.
Comprometeram-se a tomar medidas concretas, e, em geral, caprichar na eficiência no uso do dinheiro público. No segundo caso, chega a ser escandaloso que uma autoridade seja forçada, pela voz das ruas, a cumprir uma obrigação elementar e óbvia. Especificamente, houve promessas em três estados: passagens de ônibus gratuitas no Rio Grande do Sul, maior transparência ao sistema de transportes públicos no Rio e corte de despesasem São Paulo. Note-se
que nada disso é reivindicação dos jovens, e, sim, exigência óbvia de toda a
população.
Mas nada disso saiu do papel ou da garganta das autoridades. Ninguém reclame se os moços voltarem às ruas. Na verdade, se isso acontecer, e se ninguém exagerar no protesto — o que é vital no que se refere à indispensável solidariedade da opinião pública — tanto as empresas de ônibus como as autoridades ficarão, como se dizia no meu tempo, bem mal na foto.
O comportamento dos manifestantes — com inevitáveis excessos aqui e ali, alguns até graves — foi, digamos assim, perto de exemplar. E eles receberam a resposta que mereciam da opinião pública. Ou seja, apoio incondicional. Principalmente porque suas reivindicações, uma vez atendidas, beneficiariam cidadãos de todas as idades.
Os moços voltaram para casa abençoados pelos mais velhos. E com a promessa do poder público de que tomaria as providências necessárias para atender suas reivindicações, tanto justas quanto óbvias. E os jovens, que não são, graças a Deus, tão cínicos quanto os mais velhos, acreditaram em tudo.
E os dois meses que se seguiram foram tempo suficiente para provar, aos jovens das ruas e aos mais velhos que os aplaudiram, que os homens públicos (de quase todos os países, vamos reconhecer) são ágeis como coelhos para fazer promessas e lentos como tartarugas na hora de cumpri-las.
Comprometeram-se a tomar medidas concretas, e, em geral, caprichar na eficiência no uso do dinheiro público. No segundo caso, chega a ser escandaloso que uma autoridade seja forçada, pela voz das ruas, a cumprir uma obrigação elementar e óbvia. Especificamente, houve promessas em três estados: passagens de ônibus gratuitas no Rio Grande do Sul, maior transparência ao sistema de transportes públicos no Rio e corte de despesas
Mas nada disso saiu do papel ou da garganta das autoridades. Ninguém reclame se os moços voltarem às ruas. Na verdade, se isso acontecer, e se ninguém exagerar no protesto — o que é vital no que se refere à indispensável solidariedade da opinião pública — tanto as empresas de ônibus como as autoridades ficarão, como se dizia no meu tempo, bem mal na foto.
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