sexta-feira, 19 de abril de 2013

MARIO COUTO ABRE A CAIXA PRETA DA FPF E MOSTRA PROVAS DE PATIFARIAS

MÁRIO COUTO VOLTA A ATACAR A FPF E DIZ QUE POSSUI GRAVAÇÕES DE ÁRBITROS NEGOCIANDO RESULTADO DE JOGO
O senador Mário Couto (PSDB-PA) apresentou nesta quinta (18) na Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa) o que considera provas de que a empresa Rocha Romano, de propriedade do diretor técnico da Federação Paraense de Futebol, Paulo Romano, se beneficia de dinheiro público, vindo do governo do Estado, que deveria ser repassado para os clubes.
Couto esteve acompanhado do senador Ivo Cassol (PP-RO) e dos deputados estaduais Cilene Couto (PSDB-PA) e Alfredo Costa (PT-PA). O último foi o autor da proposta de instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) - que já tem assinaturas suficientes para sua abertura - para investigar a FPF, os clubes e os patrocinadores do Campeonato Paraense. A FPF não compareceu à reunião.
As denúncias feitas por Couto contra a FPF no plenário do Senado motivaram a criação de uma Comissão Especial para investigar a entidade. Ontem, Couto e Cassol, presidente e relator, respectivamente, representaram o Senado.
O senador paraense fez denúncias sobre o suposto esquema de corrupção na FPF, que disse acontecer em várias instâncias. A denúncia mais grave envolve a agência de viagens Rocha Romano, que, segundo Couto, organiza um sistema de crédito na FPF. O esquema funcionaria da seguinte forma: a empresa venderia passagens para os clubes e descontaria a dívida do dinheiro que repassa aos clubes. O dinheiro em questão seria de ordem pública, chegando à FPF via contratos com a Secretaria de Estado de Esporte e Lazer (Seel), Funtelpa e Banpará. Continue lendo...
Para comprovar a denúncia, o senador apresentou um documento que detalha a venda de passagens para membros da delegação do Santa Cruz pela Rocha Romano, e disse que o próprio Romano confessou a irregularidade em matéria veiculada no blog do radialista José Maria Trindade. "É um escândalo e não tem saída. Está assinado em baixo do que fez. Quando o governo passa o cheque, ele (Romano) desconta o que os clubes devem à empresa e devolve o resto. O dinheiro chega aos clubes ‘castrado’. E no blog ele admite. Diz que ‘só ganha R$ 30 mil’. Até abril ele terá ganhado R$ 300 mil", disse, garantindo que não há prestação de contas. "Isso é o suficiente para irem para a cadeia", afirmou. Couto disse ainda que os clubes são forçados a aceitar as passagens da empresa Rocha Romano, de outra forma "não viajam", embora não tenha detalhado como acontece esta suposta abordagem.
Couto esmiuçou o que seria o "modus operandi" da FPF. "Eles (FPF) aliciam os clubes. Foram a Cuiarana (o presidente da FPF, Antonio Carlos Nunes, e Paulo Romano) e perguntaram quem estava fazendo a obra do estádio. Disseram que fariam mais barato. Fazem conveniência e depois oferecem facilidades. Ele (Romano) já estava mandando nas obras do estádio do Santa Cruz. E depois disse que nunca foi lá", disse. O senador disse ainda possuir gravações também de árbitros de futebol oferecendo-se para manipular resultados a preços que variavam de acordo com a importância do jogo. "Não posso mostrar a gravação, que é bem nítida, ainda. Mas será uma bomba", disse.
O deputado estadual Alfredo Costa afirmou que já conseguiu colher assinaturas suficientes para a abertura de uma CPI para investigar o futebol paraense. Como autor do requerimento, ele afirma já ter protocolado o pedido, e agora espera o presidente da mesa diretora, deputado Márcio Miranda (DEM-PA), encaminhar um ofício para os líderes de cada bancada, para que indiquem os membros da CPI, que terá sete integrantes, mais suplentes. As maiores bancadas terão maior número de representantes.
FPF justifica ausência e afirma que só comparece se for à CPI
A FPF justificou a ausência na reunião por intermédio de seu assessor jurídico, Antonio Cristino Mendes, que afirmou não haver obrigatoriedade em comparecer, uma vez que comissão presidida pelo senador Mário Couto não tem o objetivo de apuração. Sobre as denúncias, Mendes afirmou que a FPF as repudia, e que as acusações carecem de provas.
Em defesa da FPF, ele afirmou que cada contrato de patrocínio do Campeonato Paraense é assinado só quando o contrato anterior é "perfeitamente encerrado", e garantiu que a FPF devolveu dinheiro para a Seel ao término do contrato feito para o Parazão de 2012.
O assessor jurídico disse que a FPF comparecerá à convocação do Senado Federal se for feita por meio de uma CPI, e que a ausência na reunião de ontem havia sido comunicada. "À luz do regimento interno do Senado, nas disposições contidas do artigo 67 até o 70, vislumbramos que a finalidade da comissão de representação não é apuração. Esperamos o chamamento em nível federal e estadual, onde estejamos junto com clubes e os patrocinadores, onde todos possam externar tudo que se passa na questão do campeonato", disse.
Patrocinadores desconhecem supostos desvios de verbas
A reportagem consultou a Seel, a Funtelpa e o Banpará sobre as verbas públicas investidas no Campeonato Paraense de Futebol. A Seel, por meio de uma nota oficial, afirmou que o convênio feito com a FPF vigora desde 2011 e tem o objetivo de "fomentar o esporte através do Campeonato Paraense de Futebol, trazendo para as disputas não somente o Remo e o Paysandu, mas sobretudo os times do interior do Estado", promovendo a integração entre a capital e o interior do Estado. "A Seel ressalta que a Federação Paraense de Futebol presta suas contas para o Tribunal de Contas do Estado - TCE, órgão competente que avalia e julga o gasto de verbas públicas. A prestação de contas também é feita, através do envio de cópias à própria Seel e analisada no Departamento de Controle Interno. Informamos, ainda, que a FPF vem cumprindo normalmente o convênio, cujo objetivo é o fomento ao futebol profissional em todo o Estado do Pará", disse a nota.
A presidente da Funtelpa, Adelaide Oliveira, ressaltou que a autarquia investe no futebol paraense - exercendo a compra dos direitos de imagem do Parazão - e não na FPF. "A FPF repassa o dinheiro aos clubes, já que possui as certidões negativas de débito exigidas por contrato", disse, explicando que as dívidas - em sua maioria trabalhistas - dos clubes impede o repasse direto. Adelaide disse que o valor do contrato está em torno de R$ 2,5 milhões, distribuídos segundo meritocracia. Ela informou ainda que a FPF não é contemplada com nenhum percentual financeiro do contrato, e afirmou desconhecer desconto de qualquer tipo no repasse da verba da FPF para os clubes.
O Banpará se manifestou por meio de sua assessoria de imprensa, que após consultar o diretor presidente do banco, Augusto Costa, afirmou que a FPF mantém prestação de contas atualizada da verba repassada, sendo a última atualização datada do último mês de março.

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